Stephen Kanitz escreveu em sua apreciada coluna na revista Veja desta semana: "Muitos cientistas, talvez a maioria, não acreditam em Deus, muito menos na vida após a morte. Os argumentos não são fáceis de contestar. Um professor de matemática me perguntou o que existia de mágico no número 2. 'Por que você não acredita que teremos três ou quatro vidas, cada uma num estágio superior?' O que faria sentido, disse ele, seriam os números zero, 1 e infinito. Zero vida seria a morte; uma vida, aquela que temos; e infinitas vidas, justamente a visão hinduísta e espírita.
"Outro dia, um amigo biólogo me perguntou se eu gostaria de conviver bilhões de anos ao lado dos ectoplasmas de macaco, camundongo, besouro e formiga, trilhões de trilhões de vidas após a morte. 'Você vai passar a eternidade perguntando: É você, mamãe?, até finalmente encontrá-la.' Não somos biologicamente tão superiores aos animais como imaginávamos 2.000 anos atrás. 'É uma arrogância humana', continuou meu amigo biólogo, 'achar que só nós merecemos uma segunda vida.'
"O cientista Carl Sagan adverte, como muitos outros, que vida só se tem uma e que devemos aproveitar ao máximo a que temos. 'Carpe diem', ensinava o ator Robin Williams, 'curtam o sexo e o rock and roll.' Sociólogos e cientistas políticos vão argumentar que o céu é um engenhoso truque das classes religiosas para manter as massas 'bem-comportadas e responsáveis'.
"Aonde eu quero chegar é que, dependendo de sua resposta a essa questão, seu comportamento em terra será criticamente diferente. Resolver essa dúvida religiosa logo no início da vida adulta é mais importante do que se imagina. Obviamente, essa questão tem inúmeros ângulos e dimensões mais completas do que este curto ponto de vista, mas existe uma dimensão que poucos discutem, o que me preocupa. Eu, pessoalmente, acredito na vida após a morte. Acredito que existem até provas científicas compatíveis com as escrituras religiosas. A genética mostra que você continuará vivo, depois de sua morte, no DNA de seus filhos. Seu DNA poderá ser eterno, ele continuará 'vivo' em nossa progênie, nos netos e bisnetos. 'Nossa' vida continua; geração após geração, teremos infinitas vidas, como pregam os espíritas e os hindus. ..."
Nota: Concordo com Kanitz em dois pontos: (1) aquilo que pensamos sobre o destino último do ser humano acaba determinando em grande medida a maneira como vivemos o agora (na verdade, a forma de encararmos a origem da vida também tem esse papel determinante); e (2) vamos "viver", de certa forma, por meio dos nossos filhos, afinal, mais do que um legado genético, deixamos impressa no caráter deles a nossa marca. Por outro lado, discordo de Kanitz e acredito que ele esteja sendo minimalista quando reduz a vida após a morte a uma questão puramente genética. Prefiro pensar como C. S. Lewis, que escreveu: "Se descobrimos um desejo dentro de nós que nada neste mundo consegue satisfazer, talvez devêssemos começar a questionar se talvez nós tenhamos sido criados para outro mundo." O ser humano tem o desejo inato de transcender, por isso não se conforma com a morte e, mesmo que tente racionalizá-la, como faz Kanitz, no fundo não aceita a possibilidade de não mais existir. Não mais aprender. Não mais sentir. Segundo a Bíblia Sagrada, a vida após a morte é tão certa quanto a vida deste lado da eternidade. Saiba mais sobre isso clicando aqui.[MB]