“Você precisa ler Vida Plena de Poder”, apelava minha esposa, de quando em quando. Ela estava gostando muito de ler o novo livro de Jim Hohnberger e queria que eu o lesse com ela, mas eu não podia. Tinha que dar conta de outras leituras para o mestrado, terminar alguns trabalhos acumulados, preparar palestras e postar. Eram atividades boas e nobres, eu tentava me justificar. Mas, no fundo, eu sabia que as leituras devocionais/inspiracionais estavam fazendo falta. E nada neste mundo deve nos fazer negligenciar a oração e a leitura devocional da Bíblia Sagrada. Até os ateus podem ler as Escrituras sem se perguntar onde está Jesus naquelas linhas.
Preocupado com essas coisas, decidi acordar mais cedo do que de costume. Às cinco horas, o despertador tocou. Lavei o rosto. Liguei a luminária ao lado da cama e, finalmente, abri o Vida Plena de Poder. No livro, Hohnberger abre o coração, conta sua história e de outras pessoas que, embora pertencessem a uma igreja e se dissessem cristãs, levavam uma vida vazia, sem poder. “Cristãos infelizes?”, pergunta o autor. E responde: “É melhor acreditar! Nos últimos dezessete anos, tenho viajado por todo o mundo, e esses tipos de cristãos são a regra e não a exceção. São pessoas que, na aparência, parecem maravilhosas. Às vezes, nem mesmo suas famílias sabem, mas elas sabem que são infelizes interiormente.”
“O que eu não entendia”, prossegue Hohnberger, “era que doutrina, por mais correta que seja, junto com a força de vontade humana para implementar mudanças no estilo de vida, não é cristianismo. Não, a Bíblia fala dessa experiência como sendo uma ‘forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder’ (2Tm 3:5).”
Para ele, a prova de fogo do verdadeiro cristianismo e do caráter ocorre na privacidade. “É na maneira como trato meus filhos, minha esposa ou meu cachorro. São os pensamentos que acalento e as emoções a que dou guarida que determinam se minhas práticas religiosas estão me fazendo algum bem em termos de salvação. Se estou empurrando a mim mesmo por aí sem nenhum poder real, então a religião que pratico não merece o nome que ostenta.”
“Muitas igrejas (ou melhor, muitos cristãos) são como a figueira que Cristo amaldiçoou”, compara Hohnberger. “Produzem um espetáculo e brincam de igreja. Seus ramos estão cobertos com a folhagem do fingimento, da tradição, das formas, cerimônias e ritos, mas faltam os frutos que viriam de uma conexão com o Deus vivo. O que significa ser um cristão? Nós nos unimos tão intimamente com Cristo que nos tornamos um. Tal como em um casamento humano, quando tomamos o nome de Cristo, tornamo-nos um com Ele. É isso que significa ser um cristão.”
Você também está cansado de apresentar apenas folhas? Quer ter frutos para fazer sua família, a si mesmo e a Deus felizes?
Dias atrás, também resolvi ler o livro Jesús Extremo, que havia recebido de presente do autor, Marcos Blanco, amigo e colega editor da casa publicadora adventista da Argentina. No capítulo “Morir para nacer”, ele conta sua experiência de afastamento de Deus e de como regressou aos braços do Pai. “Como pode suceder que alguém que haja conhecido o evangelho se distancie depois?”, pergunta ele. “Até que profundidade pode cair? Quão longe pode ir de Deus? São perguntas que sempre me fiz e que nunca terminei de responder. Minha inquietude não é simplesmente uma curiosidade intelectual; não, essas interrogações têm surgido no esforço por explicar minha própria derrota espiritual.”
Marcos conta que é filho de pais adventistas, que cresceu na igreja e estudou em escolas adventistas. Portanto, conhecimento e formação espirituais não lhe faltavam. Mas ele diz que no fim do ensino médio começou a se afastar aos poucos de Deus. Apesar de estar levando um ritmo de vida “divertido”, ele admite que sentia um vazio interior. “Um suave sussurro, um rumor levíssimo, como uma leve ondulação na água de um poço profundo, imóvel havia anos, começou a inquietar meu ser. Sentia o vazio de Deus. Nada podia preencher esse espaço que antes Ele havia ocupado: era a voz do Espírito Santo que chamava a minha consciência.”
Marcos lembra que a Bíblia está repleta de exemplos de pessoas que, havendo conhecido ao Senhor, se apartaram por sendas equivocadas. Mas também são exemplos de restauração, de reconversão, de esperança. Davi é um deles (leia o Salmo 32:1-5). Moisés, Davi, Pedro; muitos foram os que experimentaram a alegria de renascer.
Eu também quero renascer a cada dia. Ter uma vida plena de poder e fazer diferença na vida daqueles a quem amo. Agradeço a minha esposa Débora por me incentivar a buscar o Jesus além das letras. Quero continuar de mãos dadas com meu Amigo, que um dia me salvou e que nunca desistiu de mim.
Não quer você também ter uma vida de poder? Por que não começar hoje?
Michelson Borges