Há
uns meses, tive a triste oportunidade de acompanhar um recém-nascido com uma
mutação do gene DHCR7 (mutações são falhas, e falhas não fazem bem; quando
acontecem, são deletérias), que fazia com que o recém-nascido não tivesse
apenas uma das setas desse imenso mapa metabólico. Ele era incapaz de produzir
a 7-dehidrocolesterol redutase, enzima responsável pela última etapa do
metabolismo do colesterol, que o converte do precursor 7-dehidrocolesterol. É
uma rara condição conhecida como síndrome de Smith-Lemli-Opitz, devido a qual o
bebê nasceu prematuro, com baixo-peso e com várias e graves malformações
cardíacas, encefálicas e anatômicas; infelizmente, vindo a falecer com um mês
de vida na UTI pediátrica.
O
mapa metabólico tenta representar o motor bioquímico que nos mantém vivos, o
qual precisa estar completo para a vida poder existir. A falha em apenas uma,
desse emaranhado de setas, foi suficiente para impossibilitar a vida desse
bebê! Como explicar o surgimento aleatório e gradual de um sistema tão complexo
e interativo, que, além de tudo, para funcionar, precisa estar exatamente completo
e ajustado da forma apresentada no mapa?
Vale
lembrar que existem inúmeros outros processos bioquímicos necessários à vida
acontecendo em nosso corpo que não estão representados no mapa (como, por
exemplo, a cascata de coagulação e o sistema imunológico). Todos eles tendo que
ser completos desde o início e interagindo entre si! Sem falar nos processos
fisiológicos, nas estruturas anatômicas, histológicas e celulares, na
informação genética, mentalidade, moral, beleza... Temos que ser sinceros: o
único jeito é admitir que foi Deus quem nos criou!
(Roberto Lenz Betz é
estudante de Medicina na Universidade
Regional de Blumenau)