O
Dr. Marcos Nogueira Eberlin (da Unicamp), que está entre os
cientistas brasileiros mais reconhecidos aqui e no exterior, viajou
recentemente a Londres para uma reunião da Royal Society of Chemistry. Neste
momento, concluídas as reuniões na Inglaterra, está em viagem para Taiwan, a
fim de ministrar palestras lá. Num dos intervalos de seus muitos compromissos,
respondeu a um e-mail meu [MB] como segue: “A Ciência com C maiúsculo que eu
pratico e defendo não fecha com teoria nenhuma: fecha com
os dados, fecha com as evidências, fecha com o livre-pensar e questionar. E a
Ciência verdadeira debate suas teses e as defende com fatos e não com
manifestos apaixonados. Somente teorias equivocadas neles se apoiam. E não foi
a genética só, mas a química e a bioquímica, varias áreas da ciência em
conjunto, que derrubaram por completo a ideia equivocada, baseada em dados
incompletos, de que evoluímos química e bioquimicamente. Foram os dados mais
recentes sobre a informação aperiódica funcional na qual a vida se estrutura
que derrubaram a possibilidade de forças e leis terem formado a vida. Foi a existência
de não somente um código, mas de vários códigos, espetacularmente orquestrados
e sincronicamente ajustados, que demonstraram com fatos, e não boatos, que a evolução
naturalista ruiu.
“Não
foi somente a existência de códigos, mas a constatação de que esses códigos se
encontram zipados, encriptados, otimizados ao seu extremo, dotados de estratégias
hiperinteligentes de transmissão e minimização de erros, de compactação de informação
através do overlapping genético, do splicing alternativo, da redundância de códons
magistralmente projetada em um código universal para diluir erros e maximizar o
conteúdo.
“Foi
também o arsenal de máquinas moleculares, as maiores maravilhas de engenharia e
nanotecnologia deste Universo, com suas complexidades irredutíveis e suas antevidências
geniais. Foi todo um arsenal de provas inequívocas, de uma assinatura indesculpável
de design inteligente que nos impelem
a admitir o óbvio. Dados brutos, ciência em sua essência, evidências e não
retorica que hoje indicam: fomos planejados!
“Doa
a quem doer, ofenda a quem ofender, mas a missão maior, o pacto maior de todo
cientista é com a Verdade, com o que os dados nos mandam dizer. E a ciência
pode, sim, e sabe, sim, detectar design!
A ciência tem, sim, formas de discernir entre causas naturais e causas
inteligentes. Usamos essas estratégias em várias áreas da ciência, por que proibi-las
quando investigamos nossas origens? Só por que alguns de nos não gostam da conclusão
a que elas nos levam? Mas cientista não tem gosto, cientista tem obrigações.
Academias não defendem teorias, e nem áreas restritas da ciência podem se valer
do monopólio da razão sobre as origens da vida e do Universo.
“Sejamos
honestos: desserviço mesmo a este país e aos seus jovens causam os que tentam
suprimir o debate; os que tentam manter teorias em pé – quando seus alicerces já
ruíram – via manifestos, às vezes anônimos, que tentam confundir teorias
cientificas e seus defensores com astrologia e cartomancia!
“A
ciência é a busca desapaixonada pela Verdade. Nessa busca, ziguezagueamos, mas
a força dos dados eventualmente nos impele a seguir ou a voltar ao caminho
certo. O ziguezaguear pela teoria naturalista foi um movimento legitimo da Ciência.
Admitir seu equívoco, depois de 150 anos de muito alarde, tem sido por demais
doloroso, mas inevitável. Viva, então, os dados, que nos levaram de volta ao
caminho certo! Dados que nos indicam, hoje, mais do que nunca antes, com uma avalanche
sem precedentes de evidências genéticas, químicas, bioquímicas, matemáticas e
fosseis (dos vivos e dos mortos) que uma mente hipermegainteligente, parcimônica
e genial arquitetou a vida e o Universo.
“E
contra fatos não há manifestos!”