quinta-feira, maio 01, 2008

Memes e evolução

A expressão “meme” vem do grego mimeme, palavra que transmite a idéia de uma unidade de imitação. Para o “devoto de Darwin” (conforme a revista Veja) Richard Dawkins, os memes estariam para a transmissão cultural como os genes estão para a transmissão genética. Diz ele em seu livro O Gene Egoísta: “Exemplos de memes são: melodias, idéias, slogans, modas, maneiras de fazer potes, vestuários, da mesma forma como os genes se propagam no ‘fundo’ pulando de corpo para corpo através de espermatozóides e óvulos, os memes propagam-se no ‘fundo’ cultural pulando de cérebro para cérebro num processo que pode ser chamado, num sentido amplo, de imitação (...) os memes devem ser considerados como estruturas vivas, não apenas metafórica, mas tecnicamente. Quando você planta um meme fértil em minha mente, você literalmente parasita meu cérebro, transformando-o num veículo para propagação do meme exatamente como um vírus pode parasitar o mecanismo genético de uma célula hospedeira.”

Acho bastante interessante essa teoria e ela, de fato, tem seu fundo de verdade, até mesmo expressa pela máxima “no mundo nada se cria, tudo se transforma”. O grande problema que muitos tendem a ignorar, está sempre na origem das coisas. Como Michael Behe bem questiona em seu livro A Caixa Preta de Darwin, como explicar a origem dos chamados sistemas de complexidade irredutível? Que eles são fantásticos e sofrem alterações ao longo dos anos, está Ok. Mas como apareceram neste planeta?

A mesma pergunta pode ser feita com relação à informação que se replica, passa de mente para mente (“infectando” os cérebros) e se modificando: De onde se originou essa informação? O que ou quem deu o start para os pensamentos? E, em nível genético, de onde surgiu a fantástica informação genética contida em nosso DNA? Se alguém lhe dissesse que uma pixação num muro, com os dizeres “João ama Maria”, por exemplo, apareceu ali por mera acumulação de pigmentos por acaso e ao longo do tempo, naturalmente você resistiria a essa "explicação". Mas há quem creia que a informação tenha surgido sem que tenha havido um informante à princípio. Essa idéia não me parece muito lógica.

Em Desvendando o Arco-Íris, o mesmo autor de O Gene Egoísta vai um pouco além do que foi com a teoria dos memes. Pega como metáfora a Lei de Moore (os microchips dobram de capacidade a cada ano e meio) e mostra que, se os computadores ficam cada vez mais rápidos e potentes, é porque novos softwares exigem rapidamente todo seu poder de processamento.

Tanto na teoria dos memes quanto nessa idéia proposta em Desvendando o Arco-Íris, creio que se deveria levar em conta o fato de que, no campo da “evolução das idéias” essa evolução ocorre de maneira mais ou menos organizada e dirigida, já que passa por cérebros pensantes. Comparar a evolução biológica à
evolução da informação não me parece muito correto, uma vez que a evolução em
âmbito biológico ocorreria de maneira casual e não dirigida, diversamente do que
ocorre com a informação. Se os softwares evoluem e se tornam mais complexos, é porque há mentes inteligentes por trás disso, dirigindo o processo. A
casualidade jamais daria origem aos sofisticados programas de computador.

Michelson Borges