À primeira vista, ela não parece mais do que um bichinho meio estranho das profundezas do oceano. Mas a anêmona-do-mar surpreendeu os cientistas que decifraram seu genoma por se mostrar quase tão complexa quanto um ser humano [grifo meu] - pelo menos no quesito "genética". O estudo ajudou os pesquisadores a compreender melhor o ancestral comum [sic] das duas espécies, e de quase todos os animais de mais de uma célula do mundo.
A pequena e esquisita anêmona-do-mar (Nematostella vectensis) tem apenas alguns centímetros e parece um tubo transparente com muitos tentáculos. O bichinho é muito usado pelos cientistas para estudar evolução, genômica, biologia, ecologia e o desenvolvimento de espécies animais de mais de uma célula (ou seja, todas, com a exceção das esponjas, que são consideradas um grupo à parte).
O objetivo dos pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley era decifrar as origens da vida na Terra comparando o genoma da anêmona-do-mar com o de outras espécies de animais. “Como era o ancestral comum de todos os animais? O que ele comia? Ele tinha músculos? Um cérebro? Comparar os genomas é uma forma de olhar o passado para descobrir um mapa genético ancestral dos animais”, disse em nota Daniel Rokhsar, um dos autores da pesquisa publicada na revista Science desta semana.
Esse “ancestral comum” [imaginário] está extinto há pelo menos 600 milhões de anos e basicamente devia [note o verbo] possuir tudo que uma anêmona-do-mar e um ser humano têm em comum. Assim como tudo que uma anêmoma-do-mar e uma formiga, um cachorro ou qualquer outro bicho têm em comum.
Com o estudo, os cientistas descobriram que o tal ancestral deveria ter muitas das coisas que vemos hoje em dia nos animais, como um sistema nervoso, músculos, intestinos e até espermatozóides bem parecidos com os de humanos. [Isso é dedução, não descoberta. Ah, as palavras...]
O genoma da espécie surpreendeu por ser mais parecido com o dos vertebrados do que com o de outros animais, também muito usados em laboratório, como as moscas-de-fruta e os vermes. Segundo os cientistas, isso se explica [explica?] porque a espécie e os vertebrados devem [olha o devem aí de novo] ter mantido genes que insetos e vermes perderam ao longo do tempo.
Para efeito de comparação, o genoma da anêmona-do-mar é composto por mais ou menos 18 mil genes - só dois mil a menos que o genoma humano. A maioria deles é composto por mais ou menos 30 cromossomos, organizados em padrões similares que os 46 cromossomos humanos.
(G1 Notícias)
Nota: Esse estudo me mostra que a complexidade está presente desde a "origem" da vida. Mas é difícil explicar a origem de tanta complexidade genética em organismos tidos como "simples" e primordiais. Se a tão divulgada semelhança genômica entre seres humanos e chimpanzés é verdadeira (leia mais sobre isso aqui), a semelhança entre humanos e anêmonas também nos faz "primos" delas? Certa vez, li que compartilhamos 50% de semelhança genética com as bananas! Ah, e temos também 70% de compartilhamento genético com os ouriços-do-mar. Só que isso não nos faz meio-bananas (bem, em alguns casos, sei lá...) e 70% ouriços. Pelo jeito, a genética ainda tem muitas surpresas a revelar e, quem sabe, teorias a derrubar.[MB]