quinta-feira, maio 08, 2008

Mais especulações sobre vida em Marte

A NASA (agência espacial americana) disse que seu veículo explorador Spirit descobriu evidências da existência, no passado, de um ambiente na superfície de Marte que pode ter sido perfeito para o desenvolvimento de vida na forma de micróbios. Segundo os pesquisadores, a descoberta foi feita por acaso, em maio, quando o robô acabou varrendo o solo em se encontrava, quando uma de suas rodas ficou presa durante manobras na superfície do planeta. Foi então que se notou um material brilhante, que, após análise por instrumentos no Spirit, descobriu-se que se tratava de sílica quase pura - o principal ingrediente para a formação do vidro. A Nasa concluiu que os depósitos do material provavelmente foram produzidos quando uma fonte de água quente ou de vapor ácido entrou em contato com rochas vulcânicas.

O anúncio da NASA, qualificado como uma das descobertas mais significativas do Spirit na superfície de Marte, foi feito em reunião da União Geofísica Americana (AGU, na sigla em inglês) em São Francisco.

Na Terra, locais com essas características tendem a ser prolíficos em bactérias.

"A coisa importante é que as implicações para a habitabilidade de Marte no passado são as mesmas", explicou Steve Squyres, cientista que chefia a missão.

O veículo, que aterrissou na superfície do planeta em 2004, não é equipado para informar se já existiu vida nesse local, mas Squyres, cientista que chefia a missão, disse no encontro de São Francisco que uma futura missão deve tentar trazer amostras do material para a Terra para análise.

Se tiverem existido bactérias marcianas no local, elas podem ter sido preservadas como minúsculos fósseis, disse o cientista.

"Uma das grandes coisas sobre esses depósitos é que a água quente propicia um ambiente em que os micróbios podem se desenvolver, e a precipitação da sílica os envolve e preserva."

Tanto a Spirit quanto um outro robô semelhante, Opportunity, continuam a trabalhar por muito mais tempo do que sua missão previa, que era de 90 dias. Opportunity está numa outra área do planeta.

(BBC Brasil)

Nota: Perguntar não ofende: Essa sílica não poderia ser originária de impactos de meteoritos? Matéria vitrificada é encontrada em crateras de impacto. Para mim, essa ânsia por encontrar evidências de vida em outros planetas é uma tentativa de justificar o que está se tornando cada vez mais difícil: a explicação para o surgimento da vida aqui na Terra. A panspermia cósmica é uma boa "solução", ao jogar o problema literalmente para o espaço.

Quando se fala em Marte, sempre me lembro de que os cientistas aceitam a idéia de que tenha havido um dilúvio em escala planetária por lá. Mas aqui não pode...

"Como poderia Marte ter um dilúvio? Contudo, como se poderia explicar a presença de vales ligados entre si, marcas gigantescas de erosão, paredes de crateras desgastadas e canais enormes? Parece que uma inundação catastrófica ocorreu outrora no “planeta vermelho”, com rios gigantescos de mais de 100 km de largura, talvez com 500 metros de profundidade, com água correndo com a velocidade de até 200 km por hora.[1] Marte poderia ter um oceano que continha mais água que o Caribe e o Mediterrâneo juntos. Calculou-se que as inundações poderiam ter enchido o oceano de Marte em poucas semanas.

"De onde veio a água e onde está agora? A água parece ter jorrado com força de grandes fraturas na superfície de Marte, como as “fontes do abismo”. Por que jorraram subitamente e para onde foram, são perguntas sem resposta. Mas a evidência de inundação lá está. Pode-se ter uma idéia do fenômeno visitando o Channeled Scabland do leste do Estado de Washington, que também foi formado por uma inundação catastrófica sobre um terreno vulcânico.[2] Talvez umas das sondas enviadas a Marte revelará alguns dos mistérios das inundações marcianas." [Leia mais]

1. V. R. Baker, “The Spokane Flood Controversy and the Martian Outflow Channels,” Science 202 (1979), págs. 1249-1256.
2. V. R. Baker e outros, “Ancient Oceans, Ice Sheets and the Hydrological Cycle on Mars,” Nature 352 (1991), págs. 589-594.