segunda-feira, maio 05, 2008

O que Darwin recomendaria?

Nos últimos anos, tenho [Chuck Colson] falado aos meus leitores sobre a guerra cultural não declarada a respeito de pessoas com Síndrome de Down. No começo deste ano, a American College of Obstetricians and Gynecologists recomendou que todas as mulheres grávidas, qualquer que seja a idade, submetam-se à amniocentese [exame realizado para checar a saúde do bebê durante a gravidez]. Obviamente, isso irá colocá-las sob uma crescente pressão para abortar caso seja detectado um defeito genético.

Pensava que já havia ouvido todos os argumentos favoráveis e contrários a essa barbaridade, mas estava errado. Parece que, além de se perguntar "O que Jesus faria?", as mulheres devem se perguntar "O que Darwin recomendaria?"

Porém, o Dr. Frank Boehm, do centro médico de Vanderbilt, tem dúvidas quanto à capacidade dos médicos para "aconselhar adequadamente as pacientes" sobre ter uma criança com Síndrome de Down. Para aconselhar devidamente as pacientes, é necessário pintar um quadro equilibrado da vida que se levaria com esse tipo de criança. Boehm assinala que, embora haja "desafios consideráveis..., há também muitos aspectos positivos". Ele cita sua própria experiência com seu neto, que tem a síndrome.

Por meio de seu neto, Boehm começou a apreciar "riquezas" geralmente "não-apreciadas" na vida dessas crianças. Segundo ele, os pais delas sentem que elas oferecem "amor, afeição, felicidade, sorriso e alegria" assim como ensinam "compaixão e aceitação".

A posição de Boehm é bem-vinda no debate sobre o tratamento de crianças com Síndrome de Down. Mas parte do argumento de Boehm me faz coçar a cabeça. Ele termina dizendo que o fato de não falar aos pacientes sobre esses "aspectos positivos da vida" constituiria uma falha em "compreender o processo evolutivo".

Não entendi. O que a teoria da evolução tem a nos dizer sobre os "aspectos positivos" dos defeitos genéticos? Mais importante ainda: O que ela nos diz sobre a capacidade humana para demonstrar altruísmo e compaixão – exatamente aquilo que o Dr. Boehm está defendendo? A resposta é: nada.

O Dr. Boehm é um exemplo clássico de pensamento embotado.

Darwin insistia que a seleção natural "categoricamente destruiria" toda variação – como a Síndrome de Down – que prejudicasse seu possuidor na "batalha pela vida". Por mais que amemos crianças com Síndrome de Down, é impossível imaginar como essa síndrome pode ajudar alguém "na batalha pela vida". É exatamente o contrário: é uma variação que, se Darwin estivesse certo, deveria ter sido "categoricamente destruída" muito tempo atrás.

Além disso, a teoria da evolução evidentemente não pode explicar a compaixão e o amor que os pais demonstram por filhos com Síndrome de Down. Se o evolucionismo estivesse correto, o tempo, os recursos e a energia gastos para criar um filho com necessidades especiais poderiam ser empregados para melhores fins, como criar filhos que tenham mais probabilidade de fortalecer a espécie.

O falecido filósofo David Stove, que era ateu, chamou as explicações darwinianas para altruísmo e compaixão de "confusas" e um "ultraje" contra o homem. Elas desconsideraram o fato de que o homem "é nitidamente distinto de todos os outros animais por ser, na verdade, irremediavelmente viciado em altruísmo".

O "vício" sobre o qual Stove falou não é produto da evolução. É produto de o homem ter sido feito à imagem de Deus.

Nota: Minha esposa foi professora voluntária por alguns anos numa associação adventista que cuida de crianças portadoras de deficiências, aqui em Tatuí. Pude ver o quanto essas crianças especiais precisam de carinho e como elas devolvem esse carinho em dobro.[MB]