terça-feira, junho 16, 2009

A Wallace o que é de Wallace

Em fevereiro de 1858, o naturalista Alfred Russel Wallace encontrava-se na ilha de Gilolo capturando insetos para vender, quando uma doença o impediu de continuar trabalhando. O ofício de entomólogo financiava seu verdadeiro objetivo: levantar dados para fundamentar uma teoria sobre a origem das espécies, motivação que o conduzira da Inglaterra para a floresta amazônica e, naquele momento, para o arquipélago Molucas (região da Nova Guiné, Oceania). Durante o repouso forçado, ele pôs-se a refletir sobre a natureza viva e, subitamente, ocorreu-lhe uma intuição, assim descrita em recordações datadas de 1905:

"Naqueles dias eu sofria de um ataque agudo de febre intermitente; todo dia (durante os acessos de frio e posterior calor) tinha de repousar por algumas horas, tempo durante o qual nada tinha a fazer senão pensar sobre alguns assuntos que então me interessavam particularmente. Um dia algo fez-me recordar os Princípios de população, de Malthus, que eu havia lido doze anos antes; pensei em sua clara exposição dos ‘impedimentos positivos ao aumento’ – doença, acidentes, guerra e fome – que mantêm a população das raças selvagens tão abaixo da média das pessoas civilizadas. Então, ocorreu-me que essas causas (ou suas equivalentes) também estão continuamente agindo no caso dos animais e, como eles usualmente reproduzem-se muito mais rapidamente do que os humanos, a destruição anual devido a elas deve ser enorme para controlar a população de cada espécie (posto que os animais, evidentemente, não aumentam regularmente de ano para ano, pois de outra maneira o mundo de há muito teria sido densamente povoado pelos que procriam mais rapidamente). Pensando vagamente sobre a enorme e constante destruição que isso implica, ocorreu-me formular a questão: por que alguns morrem e alguns vivem? E a resposta foi claramente que, no todo, o melhor adaptado vive. ... Então, subitamente me lampejou que esse processo autoativo necessariamente melhoraria a raça, porque a cada geração o inferior inevitavelmente seria destruído e o superior permaneceria – ou seja, o melhor adaptado sobreviveria."

Nota do blog Desafiando a Nomenklatura Científica: "Alguns especialistas consideram o texto de Wallace sobre a seleção natural superior ao texto de Darwin. Mas Wallace não tinha QI [Quem indica - Lyell e Hooker] junto às sociedades científicas inglesas da época, e deu no que deu..."

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