domingo, junho 28, 2009

Vida na Terra está em risco (e o coletivismo vem aí)

Quem ainda não acredita que a vida no planeta corre perigo é melhor ficar atento. A emissão de gás carbônico nunca esteve tão alta e está levando a mudanças climáticas severas que afetam a autossustentabilidade da Terra. Foi com essa preocupação na cabeça que Kofi Annan, ex-secretário geral da ONU, e Bob Geldof, músico realizador do Live Aid, concerto que reuniu grandes nomes da música no combate à fome na Etiópia, vieram ao Festival Internacional de Publicidade, em Cannes. Os dois, ao lado de David Jones, CEO da agência Euro RSCG, e de Hervé de Clerck, líder da Act Responsible, estão na Riviera francesa para fazer o lançamento mundial da campanha “TCK TCK TCK”, cujo objetivo é sensibilizar os líderes mundiais, que vão se reunir em dezembro, na Conferência Mundial sobre Mudanças Climáticas das ONU, para decidir quais diretrizes irão substituir o Protocolo de Kyoto. “Nossa meta é criar o maior abaixo-assinado online que já foi feito e enviá-lo aos líderes mundiais que estarão na Dinamarca, exigindo que tomem decisões justas e de peso que resultem em um acordo climático justo”, explicou Annan. [Quando falam em acordos "justos", os líderes têm em mente o coletivismo, segundo o qual o bem da maioria se impõe até mesmo sobre os direitos das minorias.]

“TCK TCK TCK” une a linguagem da internet ao tic tac do relógio. “Não há tempo a perder”, declarou ao falar da proximidade da Conferência de Copenhague e dos efeitos das mudanças climáticas, destacando que a poluição tem um preço e que os poluidores precisam assumir essa responsabilidade. O Prêmio Nobel de 2001 fez questão de ressaltar que a criatividade e as agências têm papel importante na sensibilização dos consumidores para a questão. [A publicidade é um tremendo recurso para promover a engenharia social e estimular o medo nas pessoas; num clima assim, é mais fácil aprovar leis restritivas ou que visem ao bem da maioria.] “As escolhas que fazemos no momento da compra também são uma forma de pressão e a pressão leva a mudanças mais rápidas na agenda dos líderes”, ressaltou.

Mas a fala mais apaixonada sobre o tema foi a de Bob Geldof. Notabilizado pela sua atuação no filme The Wall, do Pink Floyd, o músico e ator irlandês não deixou passar em branco a morte do cantor Michael Jackson, e lembrou sua importante participação no Live AID, era uma das principais vozes no clipe da música “We are the World”. Depois de lamentar a perda, Geldof foi taxativo ao falar do quanto as mudanças climáticas afetam e vão afetar as pessoas. “Estamos falando sobre a morte da humanidade, e eu adoro o ser humano”, disse.

Os números apresentados pelo músico não são nada animadores. A cada ano, mais de 300 mil pessoas morrem em consequência direta das alterações no clima. No continente africano, há um movimento migratório que está levando 16 milhões de pessoas para fora de seus países por conta da inviabilidade de viver em ambiente tão seco. Lugares no sul, que há 20 anos tinham água, não têm mais, e isso leva ao deslocamento para o norte; a incidência de chuva no deserto do Saara caiu 25% nos últimos 30 anos.

“Precisamos reduzir em 50% a emissão de carbono até 2020 e em 80% até 2050, se isso não acontecer estamos caminhando para a morte. As emissões hoje excedem as dos últimos seis mil anos e a Terra não tem capacidade para processá-las”, disse. Entre a plateia de publicitários e profissionais da comunicação que lotaram o auditório Debussy, a campanha e os dados apresentados parecem ter provocado algum sentimento. O quarteto foi aplaudido de pé.

(Terra)

Nota: Que melhor lugar para dar maior visibilidade aos planos do movimento ECOmênico do que o Festival Internacional de Publicidade? Ninguém nega que a Terra está se deteriorando, mas que há interesses outros por trás dessa bandeira ecológica, isso há. Clique aqui e leia mais sobre o ECOmenismo.[MB]