quinta-feira, maio 01, 2008

Mistérios modernos

O ser humano, mesmo na era científica, continua interessado no transcendente

Enquanto lia O Universo numa Casca de Noz, do físico britânico Stephen Hawking, fiquei me perguntando se havia algum leitor leigo como eu que conseguia entender tudo aquilo. Os arranhões em minha auto-estima foram reparados quando li a seguinte declaração de Richard Feynman: “Ninguém entende a física quântica.” Ufa! Feynman é um dos maiores especialistas em física quântica do mundo e detentor de um Nobel de Física. Senti-me menos humilhado, já que compartilho com as eminências no assunto, um grau (muito maior, é claro) de ignorância.

O que me chama a atenção mesmo é o fato de que há muita gente tentando entender os mistérios do cosmo, e os livros de divulgação científica têm feito muito sucesso. O livro de Hawking, a que me referi acima, por exemplo, ocupou a lista de mais vendidos de Veja semanas seguidas, mesmo tendo sido considerado por especialistas como muito complicado para os não iniciados.

Por que, afinal, gostamos cada vez mais de livros sobre glúons, léptons, buracos negros, gravidade que “entorta” o espaço e dobras no tempo? Por que queremos entender complicações como o Modelo Padrão, um sumário de tudo o que se sabe sobre as partículas elementares, ou a Teoria de Tudo, que busca meios de unificar todas as interações da natureza numa grande hipótese explicativa?

Uma possível resposta seria: porque isso faz parte do espírito humano, que não se contenta com a realidade “simples” na qual está inserido. Nas palavras do matemático e filósofo Blaise Pascal: “Não é necessária grande sublimidade de alma para perceber que nesta vida não há verdadeira e sólida satisfação, que todos os nossos prazeres são mera vaidade, que nossas aflições são infinitas e, finalmente, que a morte... nos ameaça a cada momento. ... Vamos ponderar estas coisas e depois dizer se não é fora de dúvida que a única boa coisa desta vida é a esperança de outra vida, que ficamos felizes só ao nos aproximarmos dela.” – Pensées, pág. 129.

Desde os tempos da antigüidade, as pessoas procuram dar explicações para as coisas, chegando muitas vezes a apelar para o misticismo ou aos mitos, para “explicar” o então inexplicável. Como disse Albert Einstein, “a mais bela experiência que podemos ter é a do misterioso. Ele é a emoção fundamental que está no berço da verdadeira ciência. Quem não sabe disso e já não consegue se surpreender ou se maravilhar, está praticamente morto”. E a opinião de Einstein é compartilhada por outros grandes cientistas – como Niels Bohr, Max Planck e Werner Heinsenberg –, que concluíram que no universo racional há espaço para maravilhas incompreensíveis.

Quando se deixa de dourar a pílula, percebe-se na verdade que há muitos mistérios que, ao invés de maravilhar, assombram a humanidade. Exemplos: O que acontece depois da morte? Como será o fim do Universo? Existe um Criador ou somos fruto do acaso? Felizmente, a Bíblia provê a maior parte das respostas a perguntas inquietantes como estas. Mas, infelizmente, não são todos os que estão dispostos a adotá-la como fonte segura de informações. Segundo o princípio de Ockham, quanto mais simples uma explicação, melhor ela é. E a Palavra de Deus provê essas respostas simples; algumas, como a criação do Universo, tão simples que não são aceitas por boa parte da comunidade dita científica. Ora, toda conseqüência provém de uma causa; se a realidade existe, é porque alguma “coisa” ou alguém a originou.

Negar a existência do Originador da realidade pelo fato de que Ele está além dos métodos científicos de determinação do que é “real”, é mais ou menos como uma história que recebi por e-mail certa vez:

Um dia, na sala de aula, a professora estava explicando a teoria da evolução aos alunos. Ela perguntou a um dos estudantes:

– Tomás, você está vendo a árvore lá fora?

– Sim – respondeu o menino.

A professora voltou a perguntar:

– Você vê a grama?

E o menino respondeu prontamente:

– Sim.

Então a professora mandou Tomás sair da sala e lhe disse para olhar para cima e ver se ele enxergava o céu. Tomás saiu, voltou para a sala, e disse:

– Sim, professora. Eu vi o céu.

– E você viu a Deus?

O menino respondeu que não. A professora, olhando para os demais alunos da sala, disse:

– É disso que eu estou falando. Tomás não pode ver a Deus, porque Deus
não está ali! Podemos concluir então que Deus não existe.

Naquele momento, Pedrinho se levantou e pediu permissão à professora para fazer mais algumas perguntas a Tomás.

– Tomás, você vê a grama lá fora?

– Sim.

– Vê as árvores?

– Siiiiim.

– Vê o céu?

– É claro que sim!

– Consegue ver o cérebro da professora?

– Não – respondeu Tomás, achando a pergunta meio estranha.

Pedrinho, dirigindo-se então aos companheiros de classe, disse:

– Colegas, de acordo com o que aprendemos hoje, concluímos que a professora não tem cérebro.

Não sei quais foram as conseqüências das palavras do Pedrinho, mas essa situação nos mostra que nem sempre o tangível, visível ou testável é a única realidade.

** CONSELHOS INSPIRADOS

É bom atentarmos aos conselhos da inspiração quanto a esse assunto da busca de respostas:

“Apenas um caminho há a seguir, para quantos desejem sinceramente livrar-se das dúvidas. Em vez de questionar aquilo que não compreendem, atendam à luz que já sobre eles resplandece, e receberão maior luz. ... Todos os que buscam ‘ganchos’ em que pendurar suas dúvidas, encontrá-los-ão. E os que se recusam a obedecer até que toda objeção tenha sido removida, jamais virão à luz.” – O Grande Conflito, pág. 314 - ed. condensada.

“Aquele que espera inteiro conhecimento antes de exercer fé, não pode receber bênção de Deus. Não basta crer no que se diz acerca de Cristo; devemos crer nEle.” – O Desejado de Todas as Nações, pág. 328.

“Deveis estar determinados a crer, embora coisa alguma vos pareça verdadeira e real.” – Mensagens aos Jovens, pág. 152.

Penso que acima da busca de respostas às dúvidas existenciais – ainda que esse seja um empreendimento importante –, está o preparo para a vida eterna. Lá “todos os tesouros do Universo estarão abertos aos remidos de Deus. Livres da mortalidade, alçarão vôo incansável para os mundos distantes. Os filhos da Terra entram de posse da alegria e sabedoria dos seres não caídos e compartilham de tesouros de entendimento adquiridos durante séculos e séculos”. – O Grande Conflito, pág. 395 – ed. condensada.

Michelson Borges