sexta-feira, maio 02, 2008

Evolução confirmada?

A revista Galileu de setembro publicou entrevista com o fundador da Sociedade Americana dos Céticos, Michael Shermer, autor do livro Why Darwin Matters [Por que Darwin é Importante]. Foi-lhe perguntado: “De que maneira a teoria da evolução pode ser comprovada”?

Shermer respondeu: "A evolução é confirmada pelo fato de que várias linhas independentes de evidências convergem para uma mesma conclusão... dados independentes de geologia, paleontologia, botânica e outras tantas ciências concluem que a vida evoluiu."

A questão é: De qual evolução Shermer está falando? Teoria especial da evolução? Microevolução? Esse fenômeno ocorre nas espécies com limitações genéticas, e até os criacionistas não têm dificuldades com esse aspecto evolutivo. Teoria geral da evolução? Macroevolução? Esse fenômeno é que explicaria como uma espécie se transforma em outra – de um peixe a mamífero terrestre até o homem. Aqui as evidências são mais do que "circunstanciais"; são quase inexistentes.

Quando perguntaram a Shermer sobre a teoria criacionista, ele respondeu: "Os criacionistas afirmam que a evolução não pode ser provada por uma forma transicional de fósseis. Só que a evolução não é provada dessa maneira, mas sim por uma convergência de fósseis, de comparações genéticas e outras linhas de pesquisa."

Interessante... Galileu chama o criacionismo de teoria – isso é status epistêmico ou é ironia deles? Quanto à convergência de fósseis , é a "evolução estrutural morfológica" que se modifica gradualmente (ancestral-descendente), e é vista na árvore da vida, geralmente nas pontas dos galhos, mas o resto é inferido como relacionado. Todavia, não são fósseis encontrados no registro fóssil, por serem "imaginados", são apenas linhas pontilhadas – hipótese ainda não confirmada, mas aceita a priori por todos evolucionistas.

Comparações genéticas não ajudam. Alguém já disse que a filogenia molecular não é melhor do que tentar adivinhar lendo as entranhas de uma galinha! Quanto às "outras linhas" de pesquisa, ficou uma afirmação muito vaga, mas que causa forte impressão. Shermer é um exímio retórico!

Para complicar mais ainda a vida de Shermer, um eminente especialista em fósseis, Gareth Nelson, do Museu Americano de História Natural, em Nova York, escreveu: “The idea that one can go to the fossil record and expect to empirically recover an ancestor-descendant sequence, be it of species, genera, families, or whatever, has been, and continues to be, a pernicious illusion”. [“Presentation to the American Museum of Natural History, 1969, in David M. Williams e Malte C. Ebach, “The Reform of Paleontology and the Rise of Biogegraphy – 25 years after ‘ontogeny, phylogeny, paleontology and the biogenetic law”, (Nelson, 1978), Journal of Biogegraphy 31 (2004), 685-712, 709.