O jornal O Globo de 11 de agosto publicou uma nota de Roberta Jansen a respeito do novo livro de Richard Dawkins (o "devoto de Darwin", segundo a revista Veja), Deus, Um Delírio (Companhia das Letras, 528 p.). Diz o texto: "Como se o título em si já não fosse suficiente, logo no início do livro ele se dirige diretamente ao leitor para deixar bem claro que não está nada disposto a adotar meios-tons: 'Sei que você não acredita num senhor barbado sentado numa nuvem, então não percamos mais tempo com isso. Não estou atacando nenhuma versão específica de Deus ou deuses. Estou atacando Deus, todos os deuses, toda e qualquer coisa que seja sobrenatural, que já foi e que ainda será inventada.' Lançando mão de muita ciência, seu inegável talento como escritor e grandes doses de humor, o biólogo constrói a tese de que Deus é uma impossibilidade completa porque sua existência não pode ser comprovada cientificamente. Sobretudo quando se parte da teoria da evolução das espécies, de Charles Darwin."
Superficialzinha a nota, não? Dawkins lança mão de "muita ciência" ou se firma basicamente sobre os pilares do darwinismo? Se ele se valesse unicamente da ciência experimental, a premissa do livro - de que Deus é uma impossibilidade porque não pode ser provado cientificamente - já cairia por terra. Se a ciência nada diz a respeito do sobrenatural (e isso é natural), pra que um livro como o de Dawkins? É o tipo de obra que se deveria esperar de um devoto, realmente. E como o biólogo é devoto de Darwin, tudo que se oponha ao naturalista inglês acaba irritando o escritor (faz tempo que Dawkins não faz ciência; também... deve estar enchendo os bolsos com seus livros polêmicos, que vendem que é uma beleza).
Na mesma edição de O Globo há a nota "O biólogo que aceitou Deus", da mesma Roberta Jansen. Foi o contraponto apropriado, já que o texto informa que "o grupo que defende a coexistência entre ciência e fé tem no biólogo Francis S. Collins um de seus maiores expoentes. O diretor do Projeto Genoma Humano não só acredita em Deus, como, a exemplo de Richard Dawkins, escreveu um livro para defender suas idéias. No recém-lançado no Brasil A Linguagem de Deus - Um cientista apresenta evidências de que Ele existe (Gente, 280 p.), Collins sustenta que há, sim, uma base racional para a existência do Criador e que as descobertas científicas aproximam o homem de Deus".
Bem, se a existência de Deus fosse mesmo um delírio, como quer Dawkins, cientistas do calibre do Collins jamais creriam nessa "bobagem" (e nem mesmo grandes nomes da ciência como Newton, Galileu, Mendel e Pascal teriam sido homens de fé).
Dawkins devia guardar sua crença para si e se dedicar mais à ciência.