terça-feira, abril 23, 2013

A psicologia dos mártires

Como entender a mente de um mártir? O que faz alguém manter a fé pela qual é torturado?

“Mártir” (do grego martys, “testemunha”) é alguém que é morto por causa de sua fé, pelo simples fato de professá-la. A princípio, o termo era aplicado aos cristãos que sofriam torturas ou a morte por sustentar suas crenças. No entanto, com o passar do tempo, a palavra incorporou outros conceitos. Morrer pela pátria, pela liberdade, pela independência, pela autonomia de um povo, por um ideal social ou político, ou até mesmo em uma guerra são ideias que passaram a fazer parte do significado da palavra mártir. Neste artigo, falaremos sobre os mártires cristãos.

Torturas e tormentos – Quando pensamos nos mártires do cristianismo, quase sempre nossa mente se reporta ao Coliseu, aos cristãos sendo lançados às feras ou às fogueiras nas quais eram queimados vivos. Embora essas fossem formas frequentes de martírio, não eram as únicas. Na verdade, quando estudamos as torturas infligidas aos cristãos ao longo da História, é difícil acreditar e entender como o ser humano é capaz de chegar a tal ponto de frieza e crueldade. A fim de se ter uma pálida ideia do que implicava alguém tornar-se um mártir, estão relacionadas a seguir algumas das formas de suplício aplicadas aos cristãos.

Cruzes, estacas e suspensão. À semelhança de Cristo, a pessoa era pregada ou amarrada a uma cruz ou estaca. Para intensificar o sofrimento, as posições variavam: de cabeça para cima ou para baixo; pendurados pelos braços ou pés, com ou sem pesos ou pedras amarrados; e pelos cabelos, no caso das mulheres. Em algumas ocasiões, o mártir era coberto com mel e então suspenso numa estaca ou poste para ser atormentado por moscas e abelhas ao sol, quando não, posto na terra nessa mesma condição, a fim de ser mordido por formigas.

Rodas. Eram variadas. Em alguns casos, o mártir era amarrado a uma grande roda em formato cilíndrico, que era solta a certa altura sobre terreno pedregoso. Outras vezes, eram amarrados a uma roda estreita que girava sobre uma plataforma cravejada com pontas de ferro, de modo que o mártir era mutilado à medida que a roda girava.

Estiramento e esmagamento. O indivíduo era preso pelos braços a uma estaca e pelos pés a uma talha (uma máquina simples baseada num sistema de roldanas, acionada manualmente). Ao passo que a talha era acionada, o corpo era esticado a ponto de deslocar os ossos. Também utilizando uma talha, ou pedra enorme, alguns iam sendo esmagados aos poucos.

Uso do fogo. Os torturadores eram pródigos no uso do fogo. Em um dos tipos de tortura, o mártir era lançado de cabeça em um caldeirão cheio de chumbo fundido ou óleo fervente. Alguns eram literalmente fritos em panelas ou chapas aquecidas, adaptadas ao seu tamanho. Havia também o chamado touro de bronze, que consistia numa escultura oca, em cujo interior (semelhante a um forno) o condenado era posto para morrer assado, após serem acesas as chamas na parte inferior do animal. Segundo a tradição, Antipas, mencionado em Apocalipse 2:13, foi martirizado assim.

Esfolamento. Sem dúvida, uma das mais cruéis formas de tortura. Nesse caso, o mártir era amarrado e esfolado (tinha sua pele retirada) vivo. A tradição conta que o apóstolo Bartolomeu foi submetido a essa forma de suplício.

Outros tipos de tortura. Faltaria espaço para descrever cada tipo de tortura, método ou os instrumentos fabricados para esse fim contra os cristãos na Antiguidade e no período da Idade Média. É horrendo observar a inteligência e criatividade humanas para o mal, mesmo numa época de profundo atraso intelectual. Outras formas de martírio eram: afogamento (o mártir era preso em uma caixa de chumbo e atirado aos rios), perfurações (prendia-se o indivíduo e perfurava-o com lanças, espadas, estacas pontiagudas, punhais, etc.), amputação (os membros eram amputados um a um, com auxílio de machados, lâminas ou serras), espancamento, apedrejamento, uso de espinhos e farpas sob as unhas, entre outras. [Continue lendo