[Meus
comentários seguem entre colchetes. – MB] Primeiro, achavam que ele estava
extinto [havia 70 milhões de anos]. Depois, quando descobriram que não,
apelidaram-no de “fóssil vivo”, por causa de sua morfologia pré-histórica – em
especial, das nadadeiras, que conservam dentro delas uma forma rudimentar de
braço e antebraço. Especulou-se que ele seria o parente vivo mais próximo do
peixe ancestral que deu origem à linhagem dos tetrápodes, os animais de quatro
membros (incluindo nós, seres humanos) que saíram da água e conquistaram a
terra entre 300 e 400 milhões de anos atrás [segundo a cronologia
evolucionista]. Apesar dos muitos fósseis disponíveis, faltavam informações
genéticas para tirar a dúvida. Agora não faltam mais. Em um trabalho publicado hoje na revista Nature,
pesquisadores de vários países (incluindo o Brasil) apresentam uma análise do
genoma do celacanto, um peixe estranho e muito raro que pouco mudou nos últimos
300 milhões de anos [idem] – não só do ponto de vista morfológico, mas também
genético, segundo o estudo. [Quando se baseiam em fósseis, os cientistas
elaboram fabulosas “histórias evolutivas”. Quando dispõem de seres vivos para
fazer pesquisa, a história é outra: a evolução não parece tão “macro” assim.]
Os
resultados indicam que os genes do celacanto estão evoluindo (mudando) numa
taxa bem inferior à dos tetrápodes em geral. “Ele também mudou, mas muito menos
do que nós, por exemplo”, disse ao Estado
a pesquisadora Jessica Alfoldi, do Instituto Broad
(uma parceria entre o MIT e a Universidade Harvard), que é uma das autoras
principais do trabalho. “Por isso ele se parece mais com os ancestrais dele do
que nós parecemos com os nossos.” [Na verdade, o celacanto se parece mais com
os ancestrais dele pelo fato de que é exatamente como os fósseis dele
encontrados em estratos antiquíssimos. Se um dia encontrarem um ser humano num
estrato antigo – algo realmente muito difícil –, toda a teoria sobre nossos
supostos ancestrais teria que ser alterada, mais ou menos como foi a alterada a
“história evolutiva” do celacanto.]
Outra
conclusão, baseada numa comparação entre o genoma do celacanto e de várias
outras espécies de vertebrados, é que ele
não é o parente vivo mais próximo dos tetrápodes, como chegou a ser
proposto, mas sim os peixes pulmonados, um pequeno grupo de peixes parecidos
com enguias que possuem pulmões e respiram ar na superfície, em vez de extrair
oxigênio da água. Um exemplo é a piramboia, que ocorre no Brasil, única espécie
do grupo na América do Sul (foto abaixo). Segundo o trabalho, os peixes
pulmonados são (por pouco) mais próximos geneticamente dos tetrápodes, apesar
de se parecerem menos com eles anatomicamente do que o celacanto. [É mais um
mito que cai por terra – ou que afunda. Muitos livros terão que ser reescritos.
Imagine-se quanta história evolutiva mudaria se se pudessem estudar exemplares
vivos que hoje, supostamente, só existem em forma fóssil...]
O
que não é nenhum demérito ao celacanto, que continua sendo o melhor modelo vivo
disponível para estudo da origem dos tetrápodes, segundo o pesquisador
brasileiro Igor Schneider. “Os pulmonados são mais próximos de nós, mas o
celacanto é muito mais informativo no que diz respeito à evolução dos membros”,
afirma Schneider, que participou da pesquisa como pós-doutorando no laboratório
do renomado paleontólogo Neil
Shubin (também co-autor do estudo), na Universidade de
Chicago, e agora está de volta a sua terra natal, dando continuidade às
pesquisas no Instituto de
Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará.
“É uma janela que nos permite olhar como eram esses peixes naquela época,
quando eles estavam prestes a sair da água.” [A hipótese é tão forte que sempre
acaba prevalecendo sobre os fatos. Mesmo sabendo que o celacanto é bem
“adaptado” às águas profundas, os cientistas insistem em afirmar que ele estava
“prestes a sair da água”.]
Em
Chicago, Schneider e Shubin fizeram algo inusitado para saber se o “maquinário
genético” responsável por guiar a formação das nadadeiras do celacanto era o
mesmo usado para guiar a formação de braços e pernas nos tetrápodes. Os genes
que fazem isso nos peixes e vertebrados terrestres são essencialmente os mesmos
[funções semelhantes, informação semelhante. O ser humano também faz isso com
suas criações diversas, mas que possuem funções semelhantes.]. Então, eles
pegaram uma sequência de DNA que funciona como um “interruptor” genético – que
liga, desliga ou regula o funcionamento de genes específicos – associado ao
gene que controla a formação das nadadeiras no celacanto e o colocaram no
genoma de um camundongo transgênico. Resultado: o gene funcionou da mesma
forma, controlando a formação embrionária dos braços e pernas nos roedores.
“Isso
mostra que os aparatos genéticos usados para formar membros nos tetrápodes já
estavam presentes nos peixes ancestrais”, explica Schneider [por que deveria
haver aparatos genéticos que permaneceriam tantos “milhões de anos” sem ser
usados?]. “É evidente que, como nós fazemos braços e eles, nadadeiras, há
outras coisas operando no genoma que nos faz diferentes deles [e é nessa
diferença que eles deveriam focalizar a atenção, mas o que sempre importa mais
são as semelhanças]. Vamos testar outros elementos regulatórios para saber o
que é novo e o que é antigo.”
Na
comparação entre genomas, os pesquisadores já identificaram algumas
características genéticas importantes aos tetrápodes que não estão presentes no
celacanto e que podem ser resultado da adaptação à vida na terra [aqui entra em
cena a extrapolação dos dados com base numa hipótese]. Por exemplo,
características ligadas ao olfato, ao sistema imunológico, à formação de dedos
e ao metabolismo de ureia. [Essas características simplesmente surgiram nos
seres terrestres – com aumento inexplicável de informação genética – ou foram
criadas nesses animais distintos dos aquáticos?]
As
comparações genéticas entre celacantos e peixes pulmonados foram feitas com
base no chamado “transcriptoma”, que utiliza RNA em vez de DNA para identificar
as mensagens que estão sendo codificadas pelos genes dentro das células. O
ideal seria ter também o genoma inteiro de um peixe pulmonado sequenciado, mas
por enquanto isso é tecnologicamente impossível. Por alguma razão desconhecida,
os peixes pulmonados possuem genomas gigantescos, da ordem de 100 bilhões de
pares de bases, comparado a três bilhões do genoma do celacanto e do genoma
humano, por exemplo. “Até dá para sequenciar, mas seria caríssimo e não temos
uma tecnologia (de bioinformática) avançada o suficiente para montar e anotar
um genoma desse tamanho de maneira satisfatória”, aponta Jessica. Em outras
palavras: até daria para sequenciar e produzir as peças do quebra-cabeça, mas
não seríamos capazes de montá-lo no final. [Como explicar essa tremenda
diferença entre os genomas de seres que deveriam
ser parentes? De qualquer forma, lembre-se de que o ser humano e as bananas têm
50% de semelhança genética, mas ninguém diz que somos “parentes”.] [...]
É
difícil dizer por que [o celacanto] teria mudado tão pouco em tanto tempo de
evolução. Uma das hipóteses é que, por viver em águas profundas, onde as
condições ambientais são relativamente estáveis, ele não foi “pressionado” a
mudar (evoluir) tanto quanto os animais terrestres ou peixes de águas mais
rasas (como os peixes pulmonados, por exemplo, que são seus parentes próximos).
[Se convenceu?] [...]
Contrariamente
ao celacanto, que manteve sua forma quase que inalterada até os dias de hoje,
os pulmonados modernos são bem diferentes dos seus antepassados que aparecem no
registro fóssil [dizem isso até que seja encontrado um ancestral de pulmonado
idêntico à sua versão atual; aí, novamente, a hipótese terá que ser modificada]. [...]
Seja
como for, juntando todas as informações genéticas e morfológicas, de fósseis e
animais viventes, a história da origem aquática dos tetrápodes é uma das mais
bem documentas da evolução da vida na Terra [se essa é uma das mais bem
documentadas, então as demais “histórias” são mesmo muito frágeis!]. “Há muitos
registros de bichos intermediárias, com características mistas, que mostram uma
transformação gradual das nadadeiras em membros, como se fosse um filminho,
desde uma forma mais pisciforme até um tetrápode propriamente dito (algo
parecido com uma salamandra)”, afirma Carvalho. [Aqui entra em cena a ficção
dos milhões de anos para “explicar” a ideia metafísica da macroevolução.]
O
celacanto seria uma dessas formas transitórias, que se adaptou tão bem ao seu
nicho ecológico que não precisou mais mudar; enquanto que alguns de seus
parentes de águas mais superficiais começaram a rastejar pelas bordas e foram
se transformando ao longo do tempo, até sair de vez da água e conquistar a
terra firme. [Fatos: (1) descoberta de celacantos vivos, (2) percepção de ele é
igual a seus ancestrais fossilizados de “70 milhões de anos”, (3)
sequenciamento do genoma mostra diferenças enormes em relação a seus supostos
parentes pulmonados, (4) constatação de que o celacanto era e é peixe de águas profundas
(o que força os pesquisadores a supor que havia outros tipos de celacanto
vivendo no raso e “namorando” a terra firme). O resto do texto acima é pura
especulação evolucionista.]