terça-feira, maio 20, 2014

Amantes de padres pedem ao papa fim do celibato

Orientação da igreja, não da Bíblia
“Querido papa Francisco, somos um grupo de mulheres de muitas partes da Itália (mas não só dela) que lhe escrevem para romper o muro de silêncio e indiferença em que nos encontramos. Cada uma de nós vive, já viveu e quer viver uma relação de amor com um sacerdote, pelo qual está apaixonada.”  É assim que começa uma carta pública escrita por um grupo de 26 amantes de padres ao papa Francisco. Elas pedem ao pontífice que ponha um fim ao celibato sacerdotal obrigatório para que os padres católicos possam se relacionar com mulheres e casar com elas. Na carta, as amantes falam sobre suas aventuras amorosas com sacerdotes da Igreja Católica e relatam o sofrimento de viver o amor proibido. Elas pedem uma reunião com papa Francisco para discutir a proposta do fim ao celibato sacerdotal. A carta foi publicada pelo site Vatican Insider, do jornal italiano La Stampa

“Sabe-se muito pouco do sofrimento devastador a que uma mulher que se apaixona fortemente por um padre está submetida. Queremos, com humildade, por a seus pés nosso sofrimento para que algo possa ser mudado [...] para o bem de toda a Igreja”, diz outro trecho da carta. “Amamos esses homens [sacerdotes], eles nos amam e, na maioria dos casos, com toda vontade possível”, afirmam elas. O grupo argumenta que, diante do celibato sacerdotal, restam aos padres duas opções: abandonar o sacerdócio ou viver um amor secreto. “É uma escolha dolorosa.”

Para essas mulheres, se o celibato sacerdotal fosse opcional, os padres passariam a servir à Igreja Católica com uma paixão ainda maior e deixariam a vida de clandestinidade, “com a frustração de um amor incompleto”.

No início do cristianismo, o celibato clerical não era obrigatório [Pedro mesmo era casado]. Foi institucionalizado durante a Idade Média, justificado principalmente por uma questão econômica – não interessava à Igreja ver suas riquezas repartidas como herança aos filhos dos padres; e também social, a fim de que os sacerdotes se dedicassem total e exclusivamente à Igreja. 

Em suas poucas manifestações públicas sobre a polêmica, papa Francisco costuma mostrar-se favorável à manutenção do celibato. “Apesar dos prós e contras, os frutos [da manutenção do celibato] são mais positivos que negativos”, disse no livro Sobre o céu e a terra, escrito por ele e pelo rabino Abraham Skorka.