José Mujica |
A
Argentina é vítima de sua história, marcada por uma sucessão de golpes de
Estado, disse ontem o presidente do Uruguai, José Mujica, durante visita a
Washington. Segundo ele, o peronismo não é uma ideologia, mas um “gigantesco
sentimento” dentro do qual “há de tudo”. Quem não está na mesma sintonia e
comete “o erro” de se tornar presidente do país verá essa maioria se voltar
contra ele, observou Mujica, que defendeu a necessidade de entender a
Argentina: “É fácil criticá-la.” Para uma plateia de uruguaios e estudantes da
American University, ele falou do país vizinho, fez uma profissão de fé
humanista e defendeu a globalização e o livre comércio. “Passamos 40 anos
tentando construir um sistema comercial aberto na Organização Mundial do
Comércio (OMC) e o sepultamos, fomos para trás”, afirmou, condenando a formação
de blocos. “O mundo tem uma agenda crescente de problemas internacionais, como
o aquecimento global, que não podem ser enfrentados pelos Estados nacionais”,
sustentou. “Precisamos de uma governança global.”
Mujica
disse que o Uruguai teve mais sorte que a Argentina em sua história política e,
no início do século 20, já trazia as sementes de mudanças recentes adotadas no
país, entre as quais mencionou o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a
regulamentação do cultivo e venda de maconha.
Há
quase um século, o Uruguai reconheceu o divórcio por decisão da mulher, fez uma
radical separação entre igreja e Estado que o transformou no país mais laico da
América Latina e nacionalizou a produção de bebidas alcoólicas. “Não deveriam
estranhar que agora regulamentamos a maconha”, disse. [...]
(Estadão)
Nota:
O presidente uruguaio não é a única voz a defender essa ideia de um governo mundial. Também não é o único que apela para os perigos ambientais como motivação pera essa entrega de poder a uma governança única. Creio que veremos essa ideia ganhar força com o tempo. Quem será o governante,
então? Tem que ser alguém com influência planetária, moral e poder de
persuasão. [MB]