Semelhantes ou diferentes? |
Desde
que a tecnologia avançou a tal ponto que os cientistas podem agora mapear
genomas inteiros de vários animais, temos ouvido de como os seres humanos são
extremamente semelhantes a outros mamíferos no nível dos genes. Essas
semelhanças sempre geram destaques nos noticiários, mas eu sempre
achei tudo isso muito barulho por nada. Afinal de contas, eu posso
ver com meus próprios olhos que os seres humanos e os ratos, por exemplo, são
extremamente diferentes. Então, quando os biólogos me disseram que os
ratos e os homens eram basicamente iguais, eu percebi que a métrica de
comparação deles estava sendo exagerada. Em um artigo do NY Times, de 2002, Nicholas Wade
escreveu que “apenas cerca de 300 genes – um por cento dos 30 mil
possuídos pelo rato – não têm nenhuma contrapartida óbvia no genoma
humano”. Assim, somos informados de que os seres humanos e os ratos são 99%
similares, com base em seus genes.
Também
fomos informados de que praticamente todas as informações necessárias para a
construção de uma planta ou animal seriam encontradas nos genes que codificam
proteínas, o que implicaria que as instruções para a construção de um rato
são 99% semelhantes às instruções para a construção de um ser humano. Esse
“fato” da biologia nunca fez sentido para mim, já que eu posso ver
que os ratos e os seres humanos são construídos de forma bastante diferente, e
muito mais do que 1% diferente.
James
Shapiro, em seu livro Evolution: a view
from the 21st century, explica que eu não estava errado, afinal. Há muito
mais por trás da construção de um animal do que os genes que codificam
proteínas. Shapiro afirma: “A opinião tradicional tem sido a de que espécies
relacionadas diferem no seu repertório de ‘genes’ individuais. Mas uma
perspectiva de Evo–Devo mais contemporânea é que muito da alteração morfológica
em evolução [Shapiro se prende ao modelo evolucionista] ocorre por uma
modificação de expressão através da alteração de intensificadores e outros
sinais de regulação da transcrição, bem como por padrões distintos de
formatação epigenética” (versão livre, comentário entre colchetes).
Tradução:
genes não são os únicos fatores determinantes das mudanças corporais evolutivas
[história evolutiva suposta pelo modelo evolucionista, não demonstrada ou
testada]. Há todo um outro mundo atrás dos genes que os cientistas só
recentemente vêm descobrindo. Shapiro continua: “Comparando ratos e homens, os ‘genes’
permanecem praticamente os mesmos, mas sua implantação é diferente. Os ossos,
ligamentos, músculos, pele e outros tecidos são semelhantes, mas sua
morfogênese e seu crescimento seguem padrões distintos. Em outras
palavras, os seres humanos e os ratos compartilham a maioria das proteínas, e
as diferenças mais óbvias na morfologia e no metabolismo podem ser atribuídas
aos padrões reguladores distintos no desenvolvimento embrionário e pós-natal” (versão
livre).
A
maneira como leio isso é que se pensarmos em um ser humano como uma
“casa”, e em um rato como uma “casa diferente”, é verdade que ambas as
casas são construídas com madeira, blocos de concreto, pregos, vidro, etc., que
é o que nos dão os genes, as matérias-primas da casa. E isso é interessante.
Mas a própria construção da casa envolve muito mais do que as matérias-primas.
O que é mais importante é a arquitetura, os projetos, que especificam como as
matérias-primas serão utilizadas para construir a casa. A “casa rato” é [grosso
modo] como um casebre de 30 metros quadrados, enquanto a “casa homem” é como
uma requintada mansão de 3.000 metros quadrados.
Claro,
elas são feitas de materiais semelhantes, mas dizer que o casebre e a mansão
são 99% semelhantes é totalmente enganoso, não é mesmo?
“Mais
valeis vós do que muitos passarinhos” (Mateus 10:31). “Quanto mais vale um
homem do que uma ovelha” (Mateus 12:12).