quinta-feira, maio 29, 2014

Vaticano defende teoria da evolução

Para Ravasi, Darwin estava certo
O Vaticano admitiu que a teoria da evolução de Charles Darwin não deveria ser rejeitada e declarou que ela é compatível com a visão cristã da Criação. O arcebispo Gianfranco Ravasi, chefe do Pontifício Conselho para Cultura, disse que, ao passo que a Igreja foi hostil à teoria no passado, a ideia da evolução pode ser traçada até Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. O Padre Giuseppe Tanzella-Nitti, professor de teologia na Universidade Pontifícia Santa Croce em Roma, adicionou que o teólogo do quarto século Santo Agostinho “nunca ouviu o termo evolução, mas sabia que peixe grande come peixe pequeno”, e formas de vida foram transformadas “vagarosamente ao longo do tempo”. Aquino fez observações similares na Idade Média.

Na iminência de uma conferência patrocinada pelo papa no próximo mês, que marca o 150º aniversário de A Origem das Espécies de Darwin, o Vaticano também está lidando com a ideia do Design Inteligente, que argumenta que “um poder superior” deve ser responsável pelas complexidades da vida.

A conferência na Pontifícia Universidade Gregoriana irá discutir o Design Inteligente em certa medida, mas apenas como um “fenômeno cultural” em lugar de um assunto teológico ou científico.

O Monsenhor Ravasi disse que a teoria de Darwin nunca foi formalmente condenada pela Igreja Católica Romana, apontando para comentários de mais de 50 anos, quando o Papa Pio XII descreveu a Evolução como uma abordagem científica válida para o desenvolvimento dos [seres] humanos.


Nota: É um contrassenso uma igreja cristã rejeitar a teoria do design inteligente e abraçar a teoria da evolução de Darwin, como se a primeira não fosse científica – embora se proponha a identificar evidências de projeto inteligente na natureza – e a segunda fosse – embora tenha como base filosófica o naturalismo ateu. É lógico que podemos aceitar, como Agostinho, “que peixe grande come peixe pequeno” e que “formas de vida foram transformadas ‘vagarosamente ao longo do tempo’”, afinal, seleção natural, adaptações e “microevolução” são aspectos científicos do evolucionismo com os quais concordam os teóricos do design inteligente e os criacionistas. Mas o que não podemos é aceitar o “pacote” todo do evolucionismo, como a macroevolução e a origem abiótica da vida. O Vaticano apenas aceita isso porque renegou há muito tempo a literalidade dos primeiros capítulos do livro do Gênesis e porque há muitos séculos passou a proclamar a santidade do domingo em oposição ao sábado, o verdadeiro dia bíblico de repouso e memorial da criação (Êxodo 20:8-11). [MB]