Equipamento ultrassofisticado |
Um
estudo publicado no último dia 19 de julho, na Nature Communications, mostra que nossos olhos são ainda mais
sensíveis do que pensávamos. Os pesquisadores afirmam que eles podem detectar
um único fóton direcionado para a retina. Apenas para efeito de comparação, até mesmo os dispositivos mais sofisticados
feitos pelo homem precisam de um ambiente controlado e fresco para atingir o
mesmo resultado. “A coisa mais incrível é que isso não é a mesma coisa que
ver luz. É como uma sensação, no limite da imaginação”, diz Alipasha Vaziri,
físico da Universidade Rockefeller, de Nova York. Ele é o pesquisador principal
do trabalho. No experimento conduzido por Vaziri, três voluntários ficaram na
escuridão completa por 40 minutos, e depois foram expostos a um sistema ótico.
Quando eles apertavam um botão, dois sons eram disparados, separados por um
segundo. Apenas um dos sons era acompanhado pela emissão de um fóton, e os
participantes tinham que dizer em qual deles acreditavam ter visto o fóton, e o
quão confiantes estavam ao dar essa resposta (em uma escala de 1 a 3). Em
muitos casos, eles erraram. Isso era esperado, já que mais de 90% dos fótons
que entram no olho nunca alcançam os bastonetes, células da retina que detectam
níveis de luminosidade. Isso acontece porque eles são absorvidos ou refletidos
pelas outras partes do olho. Mesmo assim, os participantes conseguiram
responder corretamente com mais frequência do que acertariam se estivessem
apenas chutando – e seus níveis de confiança eram maiores quando eles estavam
corretos.
Esse
experimento não foi nem um pouco rapidinho. Os três voluntários enfrentaram mais
de 2.400 rodadas de emissão de fótons. Esse grande volume de teste, segundo os
pesquisadores, fornece evidência estatística forte para a detecção do fóton
individual.
Mas
nem todos os pesquisadores estão convencidos do resultado. “A única coisa que
me deixa cético sobre isso é que apenas três indivíduos foram testados”, diz
Leonid Krivitskiy, físico da Agência da Pesquisa e Tecnologia Científica em
Singapura. Ele acrescenta que todos eram homens, sendo que é sabido que a visão
de homens e mulheres é levemente diferente. Para ele, a solução para esse
problema é simples: realizar o teste em mais pessoas.
O
experimento nunca havia sido feito antes pela dificuldade em emitir apenas um
fóton de cada vez. Vaziri agora quer testar como os olhos reagem a fótons em
estado quântico – em particular aqueles que estão em “superposição” em dois
estados diferentes. Alguns físicos sugerem que esse tipo de experimento poderia
avaliar se a superposição de dois estados poderia persistir no sistema
sensorial de uma pessoa, e talvez ser percebida pelo cérebro.
(Nature, via Hypescience)
Nota:
Equipamentos criados pelo ser humano inteligente não se comparam em
sofisticação ao olho humano que surgiu por meio de mutações casuais filtradas
pela seleção natural. Ok. [MB]
Leia também: “O espetáculo da luz”