sexta-feira, agosto 05, 2016

Pokémon Go é um espião da CIA?

Teoria da conspiração ou fatos?
É espantoso como uma mania, um comportamento, uma moda, uma tendência, quando alimentados pela mídia, podem tomar conta do mundo! A última novidade trata-se do aclamado jogo, que alguns têm chamado de realidade aumentada, Pokémon Go. O aplicativo tem levado milhares de pessoas para as ruas em busca dos monstrinhos e, para isso, elas usam seus smartphones equipados com câmeras e GPS, que apontam no ambiente em volta onde há pokémons que devem ser caçados. Situações absurdas têm sido relatadas, como acidentes de carro, uma jornalista que interrompeu um programa ao passar em frente à câmera caçando pokémons, mulheres caminhando sozinhas em becos perigosos, jovens ficando até alta madrugada nas ruas e praças caçando monstrinhos. É simplesmente inacreditável! Mas tem mais.

Uma nova teoria conspiratória vem afirmando que o Pokémon Go teria sido criado com fins de espionagem. Uma mensagem tem circulado nas redes sociais com milhares de visualizações, likes e compartilhamentos. Em resumo, ela diz o seguinte: Pokémon Go foi criado por John Hanke, que fundou a empresa Keyhole, um projeto de mapeamento de superfícies, comprado pelo Google e usado para fazer o Google Maps, o Google Earth e o Street View. A Keyhole foi patrocinada pela empresa In-Q-tel, que foi fundada pela CIA em 1999. A mensagem diz ainda que a CIA, indiretamente, poderia ter acesso a todos os mapas do planeta, só que eles ainda não conseguiam entrar nas casas. Com o Pokémon Go isso seria possível, já que o jogador precisa autorizar o uso da câmera, do GPS, do microfone e até dos dispositivos USB que estiverem conectados ao seu smartphone. Sempre que a permissão é dada, o celular já encontra três pokémons por perto. Se a pessoa estiver em casa, imagens do interior da residência e coordenadas serão automaticamente fornecidas por ela.

Os termos de aceitação para usar o jogo dizem o seguinte: “Nós cooperamos com agências do governo e companhias privadas. Podemos revelar qualquer informação a seu respeito ou dos seus filhos. [...] Nosso programa não permite a opção ‘Do not track’ (‘Não me espie’) do seu navegador.”

Parece um tanto bizarro isso tudo, não é mesmo? O comportamento das marionetes, digo, pokemongamers já se revela um tanto estranho. Mas essa teoria da conspiração extrapola! Haveria algum fundo de verdade nisso tudo? Sim, mas é preciso ter muita calma numa hora dessas.

A mensagem em questão é uma versão da publicação original feita em inglês no site sensacionalista Infowars, cujo autor é aficionado por teorias conspiratórias. O site tirou a ideia da hipótese levantada por um usuário do Reddit de que o Pokémon Go seria um jogo espião. O fato é que outros aplicativos e mesmo o Facebook e o Twitter avisam em seus termos de adesão – que, convenhamos, ninguém lê ­– que os dados dos usuários podem ser entregues ao governo, caso sejam solicitados. A privacidade já está ameaçada faz tempo; não é de hoje.

Por exemplo, se sua conta no Instagram for aberta, a CIA só teria o trabalho de dar uma pesquisada em seu perfil para conhecer detalhes de sua residência. E que dizer do Facebook, que tem acesso a nossos gostos, às pessoas com quem trocamos mensagens, aos lugares que frequentamos, ao local de trabalho e de estudo, aos amigos, namorados e família? Assim, fica claro que, na era da informática, a espionagem já é possível há algum tempo, mas que o Pokémon Go e aplicativos semelhantes que certamente virão podem ampliar esse recurso que, se as autoridades governamentais quiserem, está nas mãos delas.

O que vem sendo dito sobre John Hanke e sua relação com a CIA é uma meia-verdade, já que ele vendeu sua empresa para o Google em 2004 e, anos depois, fundou a Niantic, que, quanto se saiba, nada tem a ver com a CIA.

Em matéria publicada no site da revista Época, Paula Soprana propõe: “É uma boa hora de discutir se a relação que temos com os aplicativos e as redes sociais é saudável. Se vale a pena escancarar nossa privacidade a serviços que usam nossas informações para ganhar dinheiro com anunciantes e que, eventualmente, as repassam a serviços de inteligência. [...] Não custa lembrar: a internet foi criada no fim da década de 1960 para interligar laboratórios de pesquisa. Sabe de onde eles eram? Do Departamento de Defesa dos Estados Unidos.”

Já falei em meu canal no YouTube sobre o uso de drones para espionar equipamentos eletrônicos e pessoas, e sobre a origem ocultista do Pokemón que serve de base para o jogo. Dá uma olhadinha lá.

Bem, no dia em que eu vir terroristas usando celulares e caçando pokémons por aí, acho que vou desencanar...

Michelson Borges