terça-feira, agosto 02, 2016

Rock é sexo e satanismo – segundo os próprios roqueiros

Pode haver comunhão luz/trevas?
[As informações a seguir são de um site especializado em Rock e Heavy Metal.] Você sabia que alguns discos de Rock Pesado têm mensagens e desenhos ocultos em suas capas? Do levantamento feito pelo site Rock Dissidente, a totalidade dessas mensagens aborda um ou dois dos seguintes temas: sexo e ocultismo. Nessa segunda seara, mais especificamente, referências ao tinhoso. Ambos são assuntos tabus em nossa sociedade e não só; em certa medida são proibidos, ocultos e famigerados. O satã é aquele que a religião e a cultura hegemônica ensinam a temer, mas que se sabe pode trazer grandes poderes a um alto custo; ele representa o obscuro que atrai. O sexo é o máximo do prazer que a carne pode obter, mas você não pode falar dele abertamente; ele é regulado pelo parentesco e você será ridicularizado se outros que não transam com você descobrirem o que lhe dá prazer. Tanto esse quanto aquele representa a tentação para o que é errado, mas que pode levar a júbilos de regozijo.

Conheça então as bandas que foram seduzidas pelo que é lúgubre e tenebroso e adicionaram obscuras mensagens às capas de seus discos. A lista é organizada por ordem cronológica (e alfabética, no caso de coincidências).

1. THE VELVET UNDERGROUND (1968)
“White Light/White Heat”

Andy Warhol é considerado um gênio das imagens, sendo o maior protagonista do movimento Pop Art. Sua obra como pintor, empresário e cineasta é amplamente conhecida; assim como as relações que ele manteve com algumas bandas de Rock, entre elas o The Velvet Underground. Warhol ajudava a trupe de Lou Reed com dinheiro e ideias. No segundo disco de estúdio do conjunto, ele teve a ideia de ocultar na capa a sinistra e tenebrosa tatuagem do ator Joe Spencer, que protagonizou o filme Biker Boy, de Warhol, em 1967. A imagem desse demônio que, supostamente, inaugurou as “mensagens subliminares” em álbuns de Rock só pode ser vista contra uma luz branca (brincadeira com o “White Light” no título). Posteriormente, o LP foi lançado com outras capas, que excluíam a aparição demoníaca. Coincidentemente, após a gravação e o lançamento, Warhol se afastou da banda e sua amiga Nico - que entrou por pressão do mecenas - foi expulsa.

2. GRATEFUL DEAD (1969)
“Aomomoxoa”

O terceiro disco da hippie estadunidense Grateful Dead é considerado por muitos fãs o último da era experimental do grupo. Originalmente intitulado “Hurricane Country”, a obra de capa do disco é tão ou mais famosa que a música que abriga. Repare que o capacete do motociclista representa a cabeça de um pênis e que os ovos que ele segura na mão representam um saco escrotal. Note que uma gosma branca sobe da cabeça fálica, entrando em contato com um sol que representa um óvulo com muitos espermatozoides em volta. Não só. Ao lado, vemos um ovário com um bebe dentro, e ainda há representações de mulheres nas árvores. Toda essa demonstração do ato reprodutivo iniciou as referências ao sexo nas capas de discos de Rock.



3. MOM’S APPLE PIE (1972)
“Mom’s Apple Pie”

Uma banda de Hard Rock com dez integrantes por si só já chamaria a atenção. Correto? Pois o grupo do vocalista Bob Fiorino ficou mais conhecida pela capa de seu debut, desenhada pelo artista Nick Caruso. Além de a “mamãe” que segura a torta estar com uma expressão lasciva, repare no detalhe da fatia da torta que foi cortada. Uma genitália feminina com um creme branco saindo, lembrando uma ejaculação recente. Após o lançamento, outras duas capas foram feitas, substituindo a vulva por uma parede de tijolos e, depois, com policiais olhando nas janelas. Por causa disso, o disco com a arte original é o mais querido entre os colecionadores.

4. URIAH HEEP (1972)
“Demons and Wizards”

Quarto disco de estúdio da banda britânica cujo nome foi inspirado em uma personagem de Charles Dickens, “Demons and Wizards” foi um marco na vitoriosa carreira do Uriah Heep. Novamente, contando com a arte fantástica de Roger Dean, o álbum que imortalizou hinos de Hard Rock como “The Wizard” e “Easy Livin” possui uma cachoeira cuja água sai de uma abertura em formato de genitália feminina para uma pedra que estranhamente se parece demais com a cabeça de um pênis. Há quem afirme que todas as pontas de pedras na capa do petrado tenham essa inspiração peniana. Diferentemente de algumas das capas citadas aqui, essa nunca sofreu alteração posterior.

5. EMERSON, LAKE AND PALMER (1973)
“Brain Salad Surgery”

O quarto álbum de estúdio da instituição do Rock Progressivo inglês, que na verdade é um supergrupo, contou com a impressionante arte do artista surrealista suíço H. R. Giger (mais conhecido pelo seu trabalho no filme “Alien - o oitavo passageiro”, de 1979). A capa que mostra uma mulher biomecânica, presa numa máquina monocromática de lobotomia, ficou famosa por ser gatefold (dupla), e quando aberta mostra a mulher alienígena com muitas cicatrizes após a cirurgia. Entretanto, há uma peculiar sombra branca logo acima do logo do grupo (também criado por Giger). Há uma genitália masculina sugerida em sombras brancas.

6. BLUE ÖYSTER CULT (1979)
“Mirrors”

O quinteto nova-iorquino Blue Öyster Cult é conhecido por suas letras de ficção científica, muito cheias de temas do ocultismo, e há quem a acuse de ligação com o satanismo na canção 7 “Screaming Diz-Busters”, do seu segundo disco, “Tyranny and Mutation”, de 1973. Em 1979, o grupo vinha de uma ascensão de sucessos com a trinca “Agents of Fortune”, “Spectres” e “Some Enchanted Evening”, que foi abruptamente cortada com o disco Mirrors. O álbum agrada os fãs do conjunto, mas falha em ser mais acessível ao público em geral, faltando “aquele hit”, como “Godzilla” ou “Don’t Fear the Reaper”, mas tudo bem, o B.Ö.C. ainda tinha umas cartas na manga e o sucesso voltaria em breve. A menção do disco nessa lista é por este estranho espermatozoide “dançando” entre as nuvens, logo ao lado do retrovisor. Facilmente identificado na versão em vinil, quando lançado em CD, o disco recebeu linhas amarelas de moldura, tornando menor a ejaculação nos ares.

7. WHITESNAKE (1979)
“Trouble”

Após o termino do Deep Purple, o vocalista David Coverdale logo tratou de começar sua carreira solo, primeiramente com um disco chamado “White Snake”, que logo se tornou o nome da banda com que firmaria seu nome como um dos grandes cantores do Hard Blues Rock. Os três primeiros discos do novo grupo possuíam a temível cobra branca estampando a capa. Porém, no álbum “Trouble”, o segundo, a língua bifurcada da cobra forma uma genitália feminina.

Em ambos os discos, o órgão sexual feminino faz alusão à passagem bíblica de expulsão de Adão e Eva do Paraíso por comer o fruto proibido. No disco “Trouble”, a serpente está se originando de um fruto. Já no caso de “Come an’Get it”, a cobra branca está dentro de uma maçã de vidro (maçã é a fruta que o citado casal não poderia comer [errado]), e na contracapa essa fruta está estilhaçada. Teria sido mordida/comida?

Após o clássico “Read ‘n’ Willing” e o ao vivo “Live in the Heart of the City”, a trupe de Coverdale resolveu estampar seu sétimo registro novamente com a cobra branca... e novamente incluiu uma vulva se formando na tramela do animal, e dessa vez ainda de maneira mais acentuada! Depois disso, a cobra só voltou a aparecer num disco de trabalho da discografia no disco “Slide it in”, mas dessa vez sem conotações sexuais “subliminares”.

8. BLACK SABBATH (1981)
“Mob Rules”

Obviamente, não seria fácil para qualquer banda no mundo perder um frontman com o carisma e os contatos de Ozzy Osbourne. Todavia, o grupo de Tony Iommi fez história ao recrutar o ex-Rainbow Ronnie James Dio como cantor. Compositor, letrista, exímio no domínio da voz e cheio de ideias, o Black Sabbath voltou a crescer com “Heaven and Hell”, conquistando o emergente movimento Heavy Metal. O disco seguinte seria a prova de fogo do novo velho grupo, e o “Mob Rules” arrasou consolidando ainda mais o quarteto de Hard Rock pesado e obscuro. Ainda assim, especula-se que o grupo sentisse saudade de seu antigo cantor. Ou por que sugerir o nome dele nas manchas de sangue no chão? O que, entretanto, garantiu a entrada dos ingleses em nossa lista foi o demônio escondido no pano imundo de sujeira e sangue no centro da capa do LP.

Em sua autobiografia, o guitarrista classificou como baboseira qualquer indício de mensagem subliminar na capa do disco, que é uma adaptação da pintura “Dream One – Crucifiers”, datada de 1971, do artista Greg Hildebrant, famoso por seus trabalhos nas cearas da ficção científica e da fantasia (“Senhor dos Anéis”). Analisando o desenho original, realmente já parece que está escrito Ozzy no chão. Como então explicar o demônio? Essa não é a única relação de Dio com o oculto.

9. DIO (1983)
“Holy Diver”

Sair de uma das principais bandas de Rock Pesado, talvez a maior no momento, seria um baque para acabar com a carreira de qualquer artista. Teria então o ex-baixista e vocalista do Elf feito um pacto com o tinhoso para se manter como uma das maiores vozes de toda a história do Rock? O fato é que se você inverter o logo de todos os discos que o baixinho lançou solo, exceto o “Dream Evil”, de 1987, poderá ver facilmente duas palavras de carga inegavelmente negativa. Acompanhe na imagem abaixo. Não é difícil ler “devil”, ou “diabo”, grafado “subliminarmente” no logo. Há quem afirme, todavia, que a palavra do logo invertido é “die”, ou “morte”, algo tão danoso e maléfico. Como isso foi notado ainda nos anos oitenta, o músico já se explicou várias vezes sobre o caso, sempre o classificando como “mera coincidência”.

Intencional ou não, para efeitos de classificação, a banda Dis é o conjunto com mais “mensagens subliminares” na história, pois foram 20 discos, entre trabalhos de estúdio, coletâneas e ao vivos, a utilizarem o logo duvidoso.



10. WARRANT (1989)
“Dirty, Rotten, Filthy, Stinking, Rich”

Não confundir com a banda alemã de Heavy/Speed Metal. Estamos aqui tratando do famoso Warrant, do saudoso Jani Lane, que antes do clássico “Cherry Pie” estreou muito bem com disco D.R.F.S.R. A capa desse bem-sucedido álbum satirizava um empresário do Mercado Musical de Hollywood, interessado em sugar o lucro da vitalidade dos músicos que tivessem o desprazer de assinar contrato com ele. O que pouca gente percebeu até então é que a capa que embala os sucessos “Heaven”, “Down Boys” e outros possui três imagens “escondidas”. A primeira delas, e mais descarada, é uma genitália masculina na bochecha direita da figura. As outras duas são encontradas mais facilmente virando o LP ao contrário. Logo abaixo do olho direito, vê-se claramente a representação de um pássaro. De acordo com o Tarô de Marselha, essas aves são especiais, pois atuam como mensageiras entre este e outros planos, muitas vezes coexistindo em ambos. Já foi afirmado que se trataria de um corvo, e não de um pássaro qualquer, que é uma ave habitualmente associada a morte, azar e solidão.

Encerrando as mensagens, dentro da orelha, logo abaixo do brinco está representada uma mulher nua.

11. MOTÖRHEAD (1995)
“Sacrifice”

Desde que foi expulso do Hawkwind por conta de problemas com drogas, Lemmy Kilmister tomou o nome de uma música que ele escreveu para sua antiga banda como nome do grupo que o levaria à grande fama. Com fama de durão e duro na queda, o vocalista/baixista carrega também a reputação de já ter tido relação sexual com mais de mil mulheres. Talvez ele estivesse tão fissurado em sexo em meados dos anos 90 que resolveu alterar o clássico mascote da banda, o Snnagletooth, adicionando uma língua nele. Essa, todavia, foi desenhada no formato fálico de um pênis, com uma vagina atrás dele.

Encerramos aqui nossa viagem pelo mundo escondido das capas dos discos de Rock/Metal. É possível que alguns leitores discordem de nossos apontamentos. Não há algo de maléfico ou contraproducente nisso, pois no mundo do Rock Pesado consensos são tão difíceis de identificar quanto mensagens intencionalmente ocultas.


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