Phelps se encontrou com Deus |
Os
jogos olímpicos no Brasil, como é comum nesse tipo de evento, estão gerando uma
série de histórias e imagens em vídeos e fotos que ficarão gravadas na memória
das pessoas e nos arquivos das grandes empresas de comunicação. Mas algumas
delas chamaram especial atenção por revelar os extremos de dois mundos, de duas
culturas, de duas realidades. O norte-americano Michael Phelps testemunhou ter
saído do “fundo do poço” graças ao poder de Deus. O campeão mundial de natação,
atleta olímpico mais condecorado de todos os tempos, com 22 medalhas
conquistadas, sendo 18 de ouro, em quatro Olimpíadas, revelou ao canal ESPN: “Eu
era um trem desgovernado. Eu era como uma bomba-relógio, esperando para
explodir. Eu não tinha autoestima. Houve momentos em que eu não queria estar
aqui. Aquilo não era bom. Eu me sentia perdido.” Phelps consumiu drogas, foi
preso duas vezes por dirigir alcoolizado e chegou a pensar em suicídio.
Tudo
começou a mudar quando seu amigo cristão, o astro da Liga de Futebol Americano
Ray Lewis, o ajudou a sair daquela situação depressiva. Lewis chamou Phelps e
lhe disse: “Esse é o momento em que lutamos. É o momento em que nosso
verdadeiro caráter se mostra. Não desista. Se você desistir, todos nós perdemos.”
E convenceu Phelps a procurar ajuda em uma clínica de reabilitação
comportamental. Phelps atendeu o conselho do amigo e deu entrada na clínica. Lá
ele leu um livro cristão que ganhou de Lewis.
Depois
de ler o livro por alguns dias, Phelps chamou o amigo para conversar. “Cara,
este livro é muito louco!”, exclamou o nadador. “A coisa que está acontecendo...
oh, meu Deus... meu cérebro, eu não posso agradecer-lhe o suficiente. Estou
‘pirando’, cara. Você salvou a minha vida.”
Phelps
disse à ESPN que o livro o ajudou a acreditar que há um poder maior que ele e
que há um propósito para ele neste planeta. O livro também convenceu o atleta a
se reconciliar com seu pai distante, Fred, que se divorciou da esposa quando
Phelps tinha apenas nove anos de idade.
Depois
de deixar a clínica, em novembro de 2014, Phelps voltou a treinar para os Jogos
Olímpicos do Rio de Janeiro. Três meses depois, ele pediu sua namorada de longa
data, Nicole Johnson, em casamento. Em 5 de maio do ano passado, Nicole deu à
luz Boomer Robert, seu primogênito com Phelps. E na olimpíada deste ano, no Rio
de Janeiro, o nadador conquistou cinco medalhas de ouro e uma de prata,
tornando-se o maior vencedor da história dos Jogos Olímpicos. Foi realmente uma
volta por cima, com Deus. (Assista a este vídeo para saber mais sobre a
experiência de Phelps.)
Para Uchimura, Deus não existe |
Mas
há os que insistem em não reconhecer a presença e a existência de Deus. Um
desses é o também atleta Kohei Uchimura, ginasta artístico japonês, medalha de
ouro na modalidade. Ele virou notícia mesmo antes das provas, pois teve que
desembolsar meio milhão de ienes (mais de 16 mil reais) de roaming de dados, por ter passado horas jogando Pokémon Go em seu smartphone, nos dias que antecederam o
início oficial das Olimpíadas no Rio.
O
japonês, campeão olímpico e hexacampeão mundial na competição all around (um feito inédito), viciado
em Pokémon Go, tem um lema: “Não acredito em Deus nem em lances de sorte,
acredito na prática.” O que é uma pena, pois assim ele deixa de reconhecer Aquele
que lhe deu a vida, lhe formou um corpo e o mantém respirando – aliás, mantém
girando a Terra que lhe serve de lar. Uchimura me faz lembrar o conto do
jumentinho que levou Jesus pelas ruas de Jerusalém e que chegou a pensar que os
louvores eram para ele. Somos tão pequenos; nossos feitos são tão efêmeros; e
nos gloriamos tanto disso... Phelps foi ao fundo do poço para encontrar Deus; Uchimura
está no auge da fama, vive de distrações e só enxerga o próprio brilho. Dois
extremos que representam dois tipos de pessoas neste planeta.
Dois mundos, duas atitudes |
Outro
contraste interessante foi visto numa partida de vôlei de areia, no domingo,
dia 7. A foto que chamou a atenção das pessoas mostra as jogadoras do Egito e da
Alemanha disputando a bola, vestidas em trajes totalmente diferentes. Uma toda
coberta por tecido e a outra usando apenas biquíni. Doaa Elgobashy, a egípcia
de 19 anos, é muçulmana e disse usar aquele tipo de roupa por decisão pessoal,
não por obrigação. O hijab é símbolo de modéstia e de moralidade (embora também seja visto como uma forma de imposição da cultura islâmica, conforme esta matéria). Pode-se dizer
o que quiser da atitude da jovem e daquele tipo de roupa, mas uma coisa fica
clara: ela tem coragem de ir na contramão das tendências, sem se preocupar com
o que os outros pensam. Enquanto em muitas modalidades olímpicas as mulheres
preferem exibir o corpo (o que contrasta, também, com a moda comum entre
atletas homens, que usam roupas geralmente mais soltas e menos reveladoras),
Doaa prefere preservar o corpo e não esconder sua fé. Infelizmente, muita gente
faz exatamente o contrário disso: esconde a fé e mostra o corpo.
Phelps
e Uchimura; a egípcia e a alemã. Faces de um mundo multifacetado. Qual deles
revela a nossa experiência?
Michelson Borges