Politicamente correto |
As
religiões da França estão unidas contra o terrorismo e pedem mais proteção. Um
dia depois do assassinato de um padre católico de 86 anos, o presidente
François Hollande recebeu no palácio do Eliseu os líderes religiosos do país. O
reitor da Grande Mesquita de Paris, Dalil Boubakeur, condenou o homicídio: “Estamos
diante de um fato exterior ao Islã, um fato que todos os muçulmanos da França
reprovam e rejeitam da maneira mais formal ao apresentar ao Monsenhor Cardeal
as nossas condolências.” O cardeal André Vingt-Trois, arcebispo de Paris,
lançou um alerta e um apelo: “Não podemos nos deixar levar no jogo político do
Daesh que pretende lançar uns contra os outros, os filhos de uma mesma
família.” Desde o início do ano passado que as 700 escolas judias e sinagogas e
milhares de mesquitas estão protegidas no quadro da Operação Sentinela, mas
fazer o mesmo com as 45 mil igrejas católicas da França parece missão
impossível.
Por
sua vez, o papa Francisco disse que não é “verdadeiro nem justo” associar o
Islã à violência ou ao terrorismo. “Uma coisa é certa, em quase todas as religiões sempre existe um pequeno grupo
fundamentalista. Nós também temos”, afirmou.
Em
declaração a jornalistas a bordo do avião papal, quando voltava da Polônia,
onde participou da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o argentino acrescentou
que “o Estado que se define islâmico apresenta uma identidade de violência”,
que não pode ser ligada ao Islã, referindo-se ao grupo Estado Islâmico.
“Todos
os dias, quando abro os jornais, vejo violência na Itália, alguém que mata a
namorada, outro que mata a sogra. E são católicos batizados. Se falo de
violência islâmica, também tenho de falar da violência cristã”, disse. “Nem
todos os islâmicos são violentos e nem todos os católicos são violentos. É como
uma salada de frutas: tem de tudo dentro.”
Um dos líderes mais
influentes da Igreja Ortodoxa Síria, o patriarca de Antioquia Ignace Youssif
III Younan, discorda do papa e de toda essa linguagem politicamente
correta. “A sangue frio, somos nós que sofremos a cada dia, a cada momento, os
perigos do terrorismo islâmico. Um bispo e dez padres foram mortos nos últimos
tempos. [...] O que estamos sofrendo aqui é ódio por parte de uma
religião [islamismo]”, disse ele.
A Santa Sé e o papa estão pedindo para os católicos se unirem a fiéis de outras religiões para combater a violência.
A Santa Sé e o papa estão pedindo para os católicos se unirem a fiéis de outras religiões para combater a violência.
(Com informações de Euronews
e Agência Brasil)
Nota:
Com a onda crescente de ataques terroristas, o que mais se verá no mundo é um
clamor pela paz, o que pode catalisar ainda mais os esforços ecumênicos de católicos
e protestantes (até porque “o protesto acabou”, não é mesmo?). Diante do
terror, as barreiras religiosas são mais facilmente derrubadas. E os que se
opuserem a esses esforços ou serem vistos como opositores da paz serão
considerados “fundamentalistas”, havendo a necessidade de ser combatidos e
detidos. Então, pessoas que já estarão sendo consideradas inimigas da família e
do meio ambiente serão acusadas também de amigas da desunião e, consequentemente,
apoiadoras do terrorismo. Quem lê entenda... [MB]