terça-feira, junho 27, 2017

Cientistas “materialistas” procuram a consciência do universo

Um site de divulgação científica popular publicou recentemente a notícia de que cientistas têm procurado localizar a “consciência do universo”. Sim, isso mesmo! Como se o cosmos fosse uma entidade viva e consciente, compartilhando sua suposta consciência com outros seres. A verdade é que os pesquisadores não sabem sequer ao certo o que é a consciência, muito menos de onde ela vem. Esse é um tema que tem ocupado a atenção de físicos, neurocientistas, psicólogos e outros profissionais, e forçado os limites do materialismo que geralmente esses cientistas dizem defender. Alguns chegam a descambar para o dualismo corpo-mente, como se os pensamentos pertencessem a um mundo não físico, o que beira o espiritualismo. A opção que vem ganhando terreno em alguns círculos científicos é o pampsiquismo, segundo o qual todo o universo seria habitado pela consciência, o que, nesse caso, se aproxima dos ensinamentos do budismo.

Para o cientista e filósofo norte-americano John Archibald Wheeler, o fato de as partículas não terem formato ou localização precisa até que sejam observadas ou medidas (isso em mecânica quântica) revela um tipo de protoconsciência. Para Wheeler, cada pedacinho de matéria contém um pouco de consciência absorvida desse campo da tal protoconsciência, ideia que ele chama de Princípio Antrópico Participativo.

O físico Gregory Matloff, da College of Technology de Nova York (EUA), disse à NBC News que o pampsiquismo pode ser possível. Matloff concorda com o físico teórico alemão Bernard Haisch segundo o qual a consciência seria produzida e transmitida através do vácuo quântico. Para ele, qualquer sistema com complexidade suficiente e que crie um certo nível de energia poderia gerar a consciência a partir do nada.

Matloff chegou a publicar um artigo na revista Journal of Consciousness Exploration and Research no qual defende que as estrelas teriam a capacidade de se orientar de forma consciente para ganhar velocidade, e diz isso ao observar padrões de comportamento aparentemente lógicos. Matloff também propõe que a teoria da protoconsciência poderia substituir a matéria escura que, segundo os astrônomos, comporia cerca de 95% do universo, embora ainda não tenha sido encontrada.

O neurocientista Giulio Tononi, da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA), propõe uma ideia ainda mais esdrúxula, chamada Teoria da Informação Integrada. Para ele, a consciência seria uma manifestação com localização física real, em algum lugar no universo que ainda não foi encontrado. Segundo essa hipótese, esse corpo misterioso e desconhecido poderia irradiar consciência da mesma forma que o Sol irradia energia.

O artigo termina mencionando, a título de exemplo, a inteligência artificial, que já pode vencer seres humanos em muitas tarefas, mas não tem vontade própria. “Um supercomputador capaz de alterar o mundo além das configurações que lhe foram dadas pelos comandos do programador teria consciência.”

Os cientistas (mesmo os materialistas) têm dificuldade para explicar em que momento a consciência desperta na matéria pura e simples. Se o cérebro é apenas um amontoado de átomos e moléculas, como explicar a existência de uma consciência imaterial transcendente e que tão bem caracteriza os seres humanos? Para evitar a conclusão óbvia de que existe algo ou alguém além da matéria e que bem poderia ser o Deus bíblico, os cientistas “materialistas” começam a flertar com o panteísmo e o budismo. Eles preferem apelar para ideias escapistas sem qualquer evidência, como a de que haveria um local desconhecido no Universo de onde a consciência emanaria como se fossem ondas eletromagnéticas (!). Além disso, usam a inteligência artificial como exemplo do que pode ser a emergência da consciência, mas deixam de falar que a inteligência artificial foi criada por um ser inteligente e consciente. (1) Estrelas revelam padrões e têm comportamentos ordenados porque teriam consciência ou (2) por que foram criadas inteligentemente para se comportar assim? Optar pela segunda proposta seria se aproximar demais daquilo que creem os criacionistas; portanto, resta aos “materialistas” a opção número 1 – estrelas têm consciência.

Aqui está o paradoxo: estrelas até podem agir conscientemente e o universo ser um grande ser transcendental dotado de consciência, mas o criacionismo é uma bobagem. Ideias como a de que as estrelas teriam consciência podem ser defendidas nos campi seculares e até publicadas em revistas científicas e em sites de divulgação científica, mas design inteligente, dilúvio universal e complexidade irredutível, aí não! Isso é religião. Assim caminha a chamada “ciência”.

O astrofísico Eduardo Lütz considera impressionante o grau de misticismo que as pessoas demonstram ter quando tratam desse assunto. “Qual é a dificuldade de considerar a consciência como sendo uma manifestação especializada de processamento de informações? Por que esse tipo de coisas não é óbvio para a maioria das pessoas?”, pergunta ele. Lütz diz ter ficado chocado vendo até físicos inventando ideias mirabolantemente místicas para explicar um assunto sobre o qual já se tem considerável experiência técnica. “Tudo isso parece ser ignorado nessas horas. Também não vejo por que tentar explicar a consciência humana como funcionando via consciência divina. Deus, como designer da consciência humana, está certo. Mas não que seja necessária qualquer coisa além das leis físicas conhecidas para explicar a consciência”, diz o físico.

Parece que estão tentando fugir do materialismo. Mas, para conciliar isso com o naturalismo, algumas evidências da existência de Deus estão sendo interpretadas como evidências de consciência por parte do universo. Nessas horas, é melhor divinizar o cosmos e as estrelas do que deixar o Deus da Bíblia abrir a porta.

Michelson Borges