Não
é incorreto dizer que muita música gospel ressalta temas como “vitória pessoal”
e “paixão por Jesus”. Mas não está totalmente certo dizer que a predominância
dessa religião individualista, triunfalista e sentimental é culpa exclusiva dos
compositores. Na verdade, esses temas correspondem aos temas predominantemente abordados
no púlpito. Proliferam vídeos e sermões que apresentam Deus como o sócio dos
empreendedores e Jesus como o ser meigo e bondoso que dá um abraço quando você
chora. Não estou dizendo que o Pai e o Filho não Se importam com os problemas
da vida humana, mas Cristo não morreu na cruz para levantar minha autoestima.
Há quase uma relação direta entre uma sociedade que valoriza tanto o sucesso
pessoal e uma igreja que trocou o sermão bíblico pela palestra motivacional.
Buscar conforto espiritual não tem nada de errado. Mas queremos tanto resolver
nossos problemas profissionais e familiares que, ao chegarmos à igreja,
esperamos uma mensagem terapêutica que nos faça rir, chorar (se possível, com
um fundo musical) e tomar boas decisões que duram até alcançarmos a porta de
saída do templo.
E
onde está a Bíblia no púlpito? Use uns poucos versículos fora de contexto para
dizer que o indivíduo é a obra-prima de Deus e que Jesus te ama e que Ele quer
te dar muito mais do que você possui. Não é exatamente o que dizem muitas
letras da música gospel em português ou em inglês