terça-feira, junho 20, 2017

Sopa primordial #4: o problema matemático

Muito antes da era da informação, pensava-se que as células eram muito simples, e era fácil raciocinar que a vida tivesse surgido por acaso. O próprio Darwin pensava que a célula era um simples protoplasma disforme, e ele concluiu que ela se desenvolveu em um “pequeno lago quente”. Mas, quando a humanidade começou a descobrir a maravilhosa complexidade da célula, tornou-se cada vez mais difícil se apegar a teorias do acaso. Os biólogos geralmente se refugiavam na ideia de um tempo quase infinito. Em razão disso - argumentavam - qualquer coisa pode acontecer. Ao longo de milhões de anos, o inesperado se torna provável e o improvável é transformado em inevitável. Por um período, os biólogos se saíram com essa argumentação - somente porque o número de milênios evocado era tão imenso que ninguém seria capaz de conceber o que aquele tipo de escala de tempo realmente significava.

Mas a revolução do computador colocou em xeque as hipóteses de que a vida tenha surgido por acaso. No início dos anos 1960, matemáticos começaram a escrever programas para simular cada processo debaixo do sol, e eles colocaram os olhos sobre a própria evolução. Debruçados sobre computadores de alta velocidade, simularam o processo de tentativa-e-erro da evolução neodarwiniana ao longo de equivalentes bilhões de anos. O resultado foi estremecedor: os computadores mostraram que a probabilidade de a evolução ter acontecido por um processo ocasional é essencialmente zero, não importando quanto tempo levasse.