sábado, maio 03, 2008

A dívida da ciência

Peter Dear (Cornell University) analisou um livro que reconhece os motivos religiosos de vários cientistas antigos: The Emergence of a Scientific Culture: Science and the Shaping of Modernity 1210-1685 [A Emergência de uma Cultura Científica: a Ciência e o Formato da Modernidade em 1210-1685]. A análise de Dear foi favorável, reconhecendo a dívida da ciência moderna para com a religião: “Longe de se separar da religião, a ciência européia da época tornou-se a principal ferramenta para sustentá-la: entender a natureza foi o caminho rumo ao conhecimento de Deus”, diz ele. “E tendo atingido essa posição na década de 1680, argumenta Gaukroger, a ciência não olhou para trás desde então.”

No entanto, poderia se argumentar que uma pesquisa histórica terminada em 1685 não apresenta qualquer ameaça ao darwinismo. “Começando a história na Europa latina do século 13, Gaukroger apresenta um mundo no qual a teologia, e não a ‘filosofia natural’, era considerada a ‘rainha das ciências’. Ele então investiga como isso deixou gradualmente de ser assim e como a filosofia natural, embora fosse de um novo tipo, tomou o lugar da teologia como a pedra de toque da norma cognitiva.” De fato, o filho cresceu e devorou sua mãe: “No século 17, muitas pessoas argumentavam que as normas e os procedimentos da filosofia natural eram modelos apropriados para todos os tipos de pesquisa cognitiva, inclusive os que envolviam teologia e religião.” Sugeria-se que essa era uma tendência boa e progressista.

(Nature)