O juiz da 2ª Vara de Trindade, Eder Jorge, negou (...) liminar pedida pela Missão Cristã Mundial (MCM) que queria que o prefeito do município, George Morais, fosse proibido de construir arcos religiosos e imagens de santos católicos ao longo da Avenida Manoel Monteiro, principal via da cidade, e no Trindade 2. A entidade argumentou que a prefeitura estaria gastando dinheiro público indevidamente para divulgar a religião católica, o que seria inconstitucional já que, no Brasil, o Estado não tem religião oficial. Além disso, assegurou que as imagens feriam a fé dos evangélicos.
Ao analisar o caso, contudo, o juiz ponderou que, como o município atrai um grande número de fiéis católicos ao longo do ano e não só durante a Festa do Divino Pai Eterno, o poder público pode incrementar a cidade “para torná-la mais atraente a quem a visita, uns para obter conforto espiritual, outros tão-somente para conhecê-la”. De acordo com ele, “as imagens e santos são importantes para a própria viabilidade do evento religioso, que tem caráter público e grandioso”. [Você se convenceu?]
O juiz asseverou ainda que não acredita que as imagens possam representar ofensa ou desmerecimento a outras religiões. “Todas têm seu espaço, seus seguidores, dependendo de cada localidade do País”, diz. [É assim mesmo?] “Por coincidência, Trindade é considerada a capital da fé católica, mas poderia ser da fé evangélica, judaica. Aliás, é normal que determinada localidade seja mais vocacionada a esta ou àquela religião”, afirmou.
Segundo o juiz, proibir a instalação de imagens de santos ou determinar a retirada delas de Trindade seria o mesmo que pedir ao Rio de Janeiro que demolisse o seu Cristo Redentor. [Tudo igual, não?] Da mesma forma que os santos católicos da cidade, ele foi construído e mantido com dinheiro público. “Igualmente, outros monumentos e estátuas pelo País afora levariam o mesmo fim.”
Para o juiz, dizer que a manutenção de símbolos católicos em Trindade equivale a tratamento desumano, degradante e torturante aos cidadãos não-católicos, como afirmou a MCM, também é um exagero.
(Jornal O Popular, de Goiás)
Colaboração: Eloilton Santos
Nota: Quando interessa, o Estado é laico. Mas quando os interesses são outros... É bom lembrar que praticamente todos os feriados religiosos em nosso país são católicos.[MB]