sexta-feira, novembro 14, 2008

Urubu “pré-histórico” gigante habitou Minas Gerais

Tem gente que morre e vira nome de praça. O antropólogo mineiro Walter Alves Neves (à dir. na foto), por enquanto, não teve essa honra. Em compensação, aos 51 anos de idade já virou nome de urubu. Mais precisamente, de um urubu extinto. Antes que você ache que é pouca coisa, saiba que o Pleistovultur nevesi, ou “urubu pleistocênico de Neves”, não era um urubu qualquer. Com cerca de 2,5 metros de uma ponta da asa à outra, tinha quase o tamanho de um condor-dos-andes, a maior ave de rapina existente. Deixava no chinelo o urubu-rei, hoje o maior representante do grupo no Brasil. Esse carniceiro avantajado planava sobre os céus de Minas Gerais durante a Era do Gelo, há mais de 10 mil anos [sic]. Provavelmente disputava com os próprios condores (que também existiram por aqui) e com outros abutres as carcaças de mastodontes, preguiças-gigantes e demais grandes mamíferos que pastavam na América do Sul naquele Período, também chamado Pleistoceno.

A descoberta do Pleistovultur, relatada na última edição do periódico científico argentino Ameghiniana, fornece uma janela preciosa para o entendimento da ecologia sul-americana na pré-história. E ela só foi possível porque Neves doou um fóssil do animal, achado por seu aluno Alex Hubbe numa caverna em Lagoa Santa (MG), a um especialista em aves fósseis. “É um único osso da perna, mas é mais do que suficiente para descrever um gênero novo”, diz o paleontólogo Herculano Alvarenga, diretor do Museu de História Natural de Taubaté (interior paulista) e um dos principais - e poucos - estudiosos de aves extintas do mundo. Ele é o autor principal do artigo científico que apresenta a nova espécie, e da homenagem dúbia ao colega, professor da USP. (...)

A crise para esses animais começou no final do Pleistoceno, por uma razão simples: com a extinção da megafauna (os grandes mamíferos), por razões ainda controversas [os criacionistas propõem um modelo, mas os darwinistas nem param para considerar], os abutres começaram a ficar sem carniça. Esse é um dos motivos pelos quais os abutres estão declinando hoje na África. (...)

O mesmo artigo científico que descreve o P. nevesi também identifica um possível gênero novo sul-americano, representado mais uma vez por um único osso da perna, encontrado numa caverna em Morro do Chapéu, Bahia. “Como ele estava quebrado, em mau estado, não quis dar nome [à espécie]”, diz o pesquisador. (...)

(Folha Online)

Nota: É interessante notar que os diversos achados de animais gigantes concordam com o relato bíblico de Gênesis segundo o qual a fauna e a flora antediluvianas provavelmente fossem compostas por espécimes muito maiores que os atuais.[MB]