O
“salvador” em questão é o papa Francisco, pelo menos para a revista The Philadelphia
Trumpet, que estampará na capa da edição de março: “O Salvador? Os planos do papa Francisco
para curar as economias quebradas do mundo.” Para quem estuda as profecias, não
é novidade que o papa vai usar sua crescente influência para fazer propostas de
salvamento do mundo e que envolverão, certamente, a defesa dos dogmas que o
Vaticano tanto preza. Estou na expectativa para saber que planos são esses e
que propostas haverá também na encíclica sobre o meio ambiente. Mas a outra “notícia”
fez disparar meu “detector de boatos”. Andam circulando nas redes sociais (e já
recebi alguns e-mails perguntando sobre esse conteúdo) informações de que o papa teria dito
que a “igreja não mais acredita num inferno literal”, e que, “como a história
de Adão e Eva, nós vemos o inferno como um artifício literário.” (A propósito, mesmo a capa da Trumpet me deixou desconfiado, pelo fato de ser de maio de 2014. Então enviei um e-mail para a redação da revista e recebi como resposta: "That is the cover for the upcoming March issue.")
Outra
declaração forte atribuída ao papa é esta: “A Bíblia é um livro sagrado bonito,
mas como todas as grandes obras antigas, algumas passagens estão
desatualizadas. Algumas passagens chamam mesmo para intolerância ou julgamento.
É o tempo de ver esses versos como interpolações posteriores, contra a mensagem
do amor e da verdade. [...] Com base em nossa nova compreensão, vamos começar a
ordenar mulheres como cardeais, bispos e sacerdotes. No futuro, é minha
esperança de que, um dia, um papa feminino não permita que qualquer porta que
está aberta para um homem seja fechada para uma mulher.”
Embora seja sabido que os teólogos liberais católicos de fato interpretam os primeiros capítulos do Gênesis como alegoria, a mitologização do inferno já seria demais! Seria a negação da pretensa infalibilidade papal, uma vez que papas do passado afirmaram a existência do inferno, e o funcionamento da Inquisição dependeu em muito da manutenção do medo das pessoas de irem para o suposto lugar de tormentos.
E o que dizer, então, da ordenação de mulheres para serem cardeais e até papas, no futuro?!
E o que dizer, então, da ordenação de mulheres para serem cardeais e até papas, no futuro?!
De
imediato fiquei desconfiado e fui pesquisar para saber se algum site de
notícias sério havia veiculado algo semelhante. Nada. E é mais do que evidente
que declarações bombásticas como essas atribuídas ao papa iriam repercutir no
mundo inteiro, em diversos meios de comunicação, não apenas em blogs e sites “obscuros”.
No
Brasil, houve sites (como o Paraíba.com.br) e blogs que repercutiram a “notícia” e apontam como fonte o site espanhol Mundo
Historia (confira). Mas basta ler o site Media Ethics para descobrir a origem
do boato fake.
Conforme
eu já havia destacado no post “Boataria internética”, os cristãos têm o dever e a obrigação de divulgar apenas aquilo
que seja verídico, já que dizemos amar a verdade. Portanto, antes de espalhar “notícias”
por aí, verifique sempre a procedência das informações. E se detectar
impropriedade em algo que você divulgou inadvertidamente, “corra” para se
retratar. [MB]