quinta-feira, julho 29, 2010

Máquinas de camisinhas serão implantadas em escolas

O Ministério da Saúde escolheu a máquina de preservativos criada pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IF-SC), em Florianópolis, para distribuir pelo país. Um projeto de João Pessoa (PA) também será aproveitado. A intenção do Ministério é instalar o equipamento em 40 escolas brasileiras. Florianópolis será uma delas. Os nomes das outras cidades e a data da instalação não foram definidos. Neste mês, a equipe do IF-SC terminou a construção do aparelho. O próximo passo é encaminhá-lo para Brasília, onde será produzido. De acordo com Ellen Vita, assistente técnica da Unidade de Prevenção do Departamento de DST e Aids do Ministério da Saúde, antes de lançar o desafio entre 36 institutos federais de educação, o governo tentou importar uma máquina de Miami, nos Estados Unidos. Mas o equipamento não atendeu às necessidades: capacidade para 500 preservativos, programação para o aluno usar a máquina digitando matrícula e senha, limite de 20 camisinhas por mês para cada estudante e ser feita de material resistente.

"A máquina proposta por Florianópolis respeita todas as diretrizes que pedimos. Agora será produzida em escala comercial, com o preço definido pela empresa que ganhar a licitação", diz Ellen. Ela não falou sobre valores, nem quantos alunos serão atendidos com a ação. Disse apenas que, para ajudar no desenvolvimento do aparelho criado pelo IF-SC e pelo instituto da Paraíba, o governo federal investiu cerca de R$ 180 mil — R$ 90 mil para cada unidade. [...]

O aluno precisa estar matriculado no ensino médio para ter acesso ao preservativo. Ele digita o número de matrícula e a senha no visor da máquina. Por mês, cada estudante tem direito a 20 unidades. Na máquina cabem 500 camisinhas. Quando está no fim, o sistema emite um alerta para o responsável adicionar mais. [...]

No Instituto Estadual de Educação (IEE), em Florianópolis, a maior escola pública da América Latina, a hipótese de instalação da máquina não causa estranheza. O diretor de ensino, Vandelin Santo Borguevon, admite que o tema ainda é polêmico entre pais, educadores e alunos. Mas avalia que o uso teria princípio educativo e de saúde.

Borguevon entende que, tão importante quanto se proteger de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada, é esclarecer ao jovem as dúvidas sobre o ato sexual. "Pretendemos falar sobre o tema dentro dos programas de sexualidade da escola. Vamos trabalhar bastante, para deixar claro que o sexo não pode ser liberado. Tudo acontece no momento certo e com o acompanhamento da família", ressalta.

Para Georgia Benetti, especialista em Ciências Humanas da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), seria interessante a escola aproveitar a chegada dos preservativos para trabalhar a sexualidade com os estudantes. Ela acredita que, se o objetivo da ação é prevenção, os responsáveis pela direção precisam pensar em um local para armazenar a máquina, sem constranger o aluno.

(Diário Catarinense)

Nota: Com máquinas que convidam: "Vá em frente! Faça sexo seguro protegido por uma fina camada de látex!", você acha que os estudantes farão sexo no momento certo e com compromisso? DSTs e gravidez precoce são problemas graves, mas e a iniciação sexual cada vez mais cedo, estimulada por uma sociedade erotizada, que deixa sequelas emocionais, isso não é problema? Com essas máquinas, o governo apenas contribui para banalizar ainda mais o sexo. Quem está se transformando em "máquinas de sexo", aos poucos, são as pessoas. Acontece que não fomos projetados para ser máquinas e um dia a vida cobra a conta dessa atitude irresponsável de ver pessoas como objetos de prazer.[MB]