O Dr. Stephen C. Meyer tem 52 anos, é autor do best-seller Signature in the Cell e é diretor do Centro Para Ciência e Cultura do Instituto Discovery, em Seattle. Atualmente, é um dos principais porta-vozes do Design Inteligente (DI). Enquanto participava do Simpósio Darwinismo Hoje, na Universidade Mackenzie, concedeu esta entrevista à aluna de Jornalismo do Unasp, Allana Ferreira, que a cedeu com exclusividade a este blog.
Partindo do pressuposto de que existe uma inteligência criadora de informação, a partir daí, pode-se considerar um processo evolutivo?
Sabemos que há processos evolutivos que têm efeitos verdadeiros. A seleção natural é um deles. Mas a questão é: Quanta mudança a seleção pode produzir? Mais e mais os pesquisadores vêm percebendo que a seleção natural pode produzir mudanças limitadas.
O Design Inteligente (DI) admite a macroevolução?
Alguns membros do DI pensam que isso é possível. Eu, particularmente, sou cético em relação à macroevolução
Quanto de criacionismo e evolucionismo haveria na teoria do DI? Elas podem se complementar ou são completamente diferentes?
A questão sobre quanta mudança a seleção natural pode ocasionar é algo a ser estudado um pouco mais. Sabemos que ela pode produzir algumas mudanças, mas também sabemos que há limites para essas mudanças. A questão é: Quão amplos são esses limites? Quanto de mudança é possível? No nosso entendimento da história da vida, existe evidência de design inteligente na origem de formas fundamentalmente novas e algumas mudanças dento de certo limite, depois disso.
O DI é diferente do criacionismo bíblico no sentido de que este esta fundamentado em sua visão a partir da Bíblia, enquanto o DI é uma inferência que provem da evidência científica. É possível que aquilo que aprendemos da ciência e o que a Bíblia revela sejam conceitos compatíveis.
O que o DI diz a respeito da explosão cambriana?
Achamos que a explosão cambriana oferece provas convincentes a favor do DI. Para produzir uma nova estrutura nos animais se exige nova informação genética, e o que sabemos a partir de experiência é que informação sempre vem de uma fonte inteligente, como diz o cientista Henry Quastler: “A criação de nova informação é comumente associada com atividade consciente.” Essa grande introdução de informação para formar todos os seres vivos do período cambriano é evidencia de atividade inteligente.
Quais seriam as principais críticas em relação ao DI?
A crítica mais comum ao DI é que ele não é científico. Existem muitas razões para os refutadores da teoria falarem isso, mas essa é mais uma maneira de tentar desvalorizar o DI. O que precisamos saber sobre qualquer teoria não é como classificá-la se é ciência, religião ou filosofia; essa não é a pergunta importante. O que importa é se ela é verdadeira ou não. Argumentamos que há boas evidências para que o DI seja considerado verdadeiro. Podemos concluir que o DI é uma teoria científica, pois é uma inferência baseada em evidências científicas, e a própria argumentação do DI é baseada nos argumentos que Darwin usou para a investigação científica. Os críticos não querem dizer que o DI é ciência porque tem implicações religiosas, mas a teoria é baseada na ciência, mesmo que haja implicações religiosas.
Por que a objeção dos evolucionistas é tão enfática, principalmente nos EUA, como é mostrado no documentário “Expelled: No Intelligence Allowed”, lançado em 2008?
Para muitos biólogos darwinistas a teoria de Darwin não é simplesmente uma teoria e sim o fundamento para uma cosmovisão que é materialista. Então, quando desafiamos a teoria darwiniana, estamos desafiando o que para muitos cientistas é uma crença muito pessoal. E quando desafiamos essa teoria com argumentos que eles não conseguem responder, eles manifestam uma reação humana muito natural ficando bravos e muito passionais, e muitas vezes usam o poder que está à disposição deles para suprimir as ideias que são contrárias às deles. Esse documentário lançado nos EUA registra uma série de sanções que foram tomadas contra professores que defendiam o DI.
Como está a discussão sobre o DI tanto nos Estados Unidos como no cenário mundial?
O apoio ao DI tem crescido no mundo todo de forma impactante, principalmente com a nova geração de estudantes e professores de ciência. As pessoas mais jovens estão assistindo aos debates e percebem que os proponentes do DI argumentam a partir de evidências, já os proponentes do evolucionismo argumentam a partir de autoridades. Acostumados a recusar responder aos verdadeiros problemas que apresentamos em relação à teoria deles - como as que refutam o poder criativo da seleção natural e a capacidade de mutação -, eles, em sua maioria, insistem em questionar os possíveis motivos religiosos por trás do DI.
Já que o argumento mais enfatizado contra o DI é em relação à origem dessa inteligência, os proponentes do DI teriam alguma definição para essa questão?
A teoria do DI simplesmente apresenta evidências para uma causa inteligente, mas é claro que os defensores do DI têm ideias referentes a quem se deve essa inteligência. Eu sou um teísta cristão e acho que as evidências acabam apontando para Deus como o projetista de tudo isso, mas outros cientistas que defendem o DI podem ter outras ideias, ou podem ser até agnósticos.