Coloração causada pelos raios do Sol |
O continente
americano viu nesta terça-feira (15) um eclipse lunar, ou a “Lua de sangue”,
quando a Lua fica na sombra da Terra em relação ao Sol e ganha um tom
avermelhado. No Brasil, o eclipse total poderia ser visto a partir das 3h, por
cerca de 78 minutos, nas regiões Norte e Centro-Oeste, se as condições
meteorológicas permitissem. Os eclipses totais da Lua, quando o satélite cruza
o cone de sombra da Terra, são pouco frequentes. O último ocorreu no dia 10 de
dezembro de 2011. A última vez que aconteceu uma série de quatro eclipses
lunares totais foi entre 2003 e 2004, segundo a agência espanhola EFE. Este é
primeiro de uma série de quatro eclipses lunares que deve ocorrer,
aproximadamente, a cada seis meses e se repetirá apenas sete vezes neste
século. O próximo eclipse total está previsto para o dia 8 de outubro. Ainda neste
ano, também será possível observar dois eclipses do Sol - um em abril e outro
em outubro.
A agência espacial
americana (Nasa) explicou que a Lua de sangue ocorre quando a região periférica
da Lua ingressa no centro da sombra da Terra, que é de cor âmbar. É durante
esse período que o satélite é visto da Terra com uma cor avermelhada, causada
pela luz do Sol e matizada por sua passagem pela atmosfera terrestre - algo
similar à coloração que a luz solar adquire nos crepúsculos.
Ao longo da história, os eclipses solares e lunares estiveram rodeados de
muitas superstições e referências a profecias sobre desastres naturais de
grande magnitude (com informações do site G1). E não faltaram pessoas que
especulassem sobre a possível relação dessa Lua de sangue com as profecias de
Mateus 24 e Joel 2, que diz: “O Sol se converterá em trevas, e a Lua em sangue,
antes que venha o grande e temível dia do Senhor.” Afinal, será que há alguma
relação? O texto abaixo, escrito pelo teólogo Dr. Alberto Timm, é bastante
esclarecedor a esse respeito:
O
texto bíblico declara que a segunda vinda de Cristo seria precedida por um
grande terremoto, bem como por sinais cósmicos no Sol, na Lua e nas estrelas
(ver Jl 2:31; Mt 24:29; Mc 13:24, 25; Lc 21:25; Ap 6:12, 13). Os adventistas
creem que esses sinais se cumpriram respectivamente com o terremoto de Lisboa,
no dia 1º de novembro de 1755; o escurecimento do Sol e a Lua em cor de sangue,
em 19 de maio de 1780; e a queda das estrelas, na noite de 13 de novembro de
1833. Mas pelo menos três argumentos básicos têm sido usados contra tais
identificações. Um dos argumentos é que esses acontecimentos não passariam de
fenômenos naturais, reincidentes e explicáveis cientificamente, que não
poderiam ser considerados cumprimentos proféticos. Devemos reconhecer, no entanto,
que esses fenômenos são “sinais” (Lc 21:25) mais importantes pelo seu
significado do que pela sua própria natureza. Além disso, em várias outras
ocasiões Deus usou meios naturais com propósitos espirituais. Por exemplo, o
dilúvio envolveu água e uma arca (Gn 6-8); e entre as pragas do Egito havia
rãs, piolhos, moscas, pestes, úlceras, saraiva, gafanhotos e trevas (Êx 7–12).
De modo semelhante, os sinais cósmicos, mesmo podendo ser explicados
cientificamente, apontavam para importantes realidades espirituais.
Outro
argumento usado contra as identificações acima mencionadas é que elas já estão
demasiadamente distantes da segunda vinda de Cristo para ainda ser consideradas
sinais desse evento. Mas Cristo deixou claro que esses sinais deveriam ocorrer
“logo em seguida à tribulação daqueles dias” (Mt 24:29), ou seja, próximo ao
término dos 1.260 anos de supremacia papal (Dn 7:25). Apocalipse 6:12-14
esclarece que a sequência terremoto/sol/lua/estrelas ocorreria no contexto da
abertura do sexto selo, e não do sétimo selo, que é a segunda vinda de Cristo.
William
H. Shea, em seu artigo “A marcha dos sinais”, Ministério, maio-junho de 1999, p. 12, 13, identifica a seguinte
sequência profética: (1) o grande terremoto de 1755; (2) o dia escuro de 1780;
(3) o juízo sobre a besta em 1798; (4) a queda das estrelas em 1833; e (5) o início
do juízo investigativo pré-advento em 1844. Assim como o grande terremoto e o
dia escuro precederam o juízo sobre a besta, a queda das estrelas antecedeu o
início do juízo investigativo.
Um
terceiro argumento contra tais identificações é que o terremoto de Lisboa em
1755 não foi o mais intenso abalo sísmico já registrado. Independentemente de
sua intensidade, o terremoto de Lisboa foi o mais significativo, em termos
proféticos. Como prenúncio do término dos 1.260 anos de supremacia papal, o
terremoto ocorreu em um domingo, Dia de Todos os Santos, quando os devotos
católicos estavam reunidos em suas igrejas, e nenhum dos supostos santos os
conseguiu proteger.
Otto
Friedrich, em sua obra O fim do
mundo (Rio de Janeiro: Record, 2000), p. 227-271, afirma que alguns
padres e freiras anteviram em sonhos e visões que Lisboa seria destruída. A
posição tradicional adventista é confirmada em Nisto Cremos: as 28 Crenças Fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo
Dia, 8ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2008), p. 417-419; e no
Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia (Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 2012).
Ellen
G. White, em O Grande Conflito,
p. 636, 637, reconhece que, por ocasião da segunda vinda de Cristo, “o Sol
aparecerá resplandecendo” à meia-noite e um “grande terremoto” abalará a Terra
(Ap 16:18). Mas na mesma obra (p. 304-308, 333-334), a Sra. White assegura que
os sinais cósmicos mencionados especificamente pelo profeta Joel (Jl 2:31), por
Cristo (Mt 24:29; Mc 13:24, 25; Lc 21:25) e pelo apóstolo João (Ap 6:12, 13) se
cumpriram respectivamente em 1755, 1780 e 1833. Portanto, a Igreja Adventista
do Sétimo Dia aceita os eventos ocorridos nessas datas como sendo os sinais
preditos em Mateus 24:29.
(Alberto Timm, Centro White)