Design inteligente da preguiça |
As
preguiças de três dedos têm um desenho abdominal único: suas vísceras são
fixadas nas costelas inferiores de forma a impedir que sejam espremidas contra
os pulmões enquanto ficam penduradas de cabeça para baixo, revelou um estudo
publicado nesta quarta-feira (23). Endêmica na América do Sul e Central, a
preguiça passa grande parte da vida pendurada pelas patas traseiras para
alcançar as folhas jovens e tenras que crescem na ponta dos galhos. Com seu
metabolismo lento, a preguiça pode demorar um mês para digerir uma única folha
e o animal é capaz de armazenar um terço de seu peso corporal em urina e fezes,
que ela excreta cerca de uma vez por semana. “Isso significa que o estômago e o
intestino compõem uma parte considerável de sua massa corporal”, disse Rebecca
Cliffe, do Laboratório Swansea de Movimentação Animal em Gales, coautora do
estudo publicado no Biology Letters,
periódico da Royal Society. “Com sua fonte de energia limitada, seria
energeticamente muito custoso, se não impossível, para a preguiça respirar
enquanto permanece de cabeça para baixo”, afirmou à AFP.
Cliffe
e uma equipe de pesquisas disseram acreditar ter resolvido o mistério: muitas
aderências únicas no abdômen ancoram órgãos como fígado, estômago e rins,
evitando que pressionem o diafragma enquanto o animal está em posição
invertida. “Essas aderências aparentemente inócuas provavelmente são
importantes para a provisão de energia e a sobrevivência do animal”, destacou o
estudo. Segundo Cliffe, elas poderiam reduzir em 13% o gasto de energia da
preguiça.
Nota:
O que “surgiu” primeiro: o comportamento das preguiças ou o sistema de
aderência delas? Se o comportamento era outro e elas viviam bem assim, para que mudar e sofrer com a ausência de um sistema de aderência? E, caso tivessem surgido antes do comportamento, para que serviriam as tais aderências e os órgãos "ancorados", se não houvesse um comportamento que os justificasse? [MB]