Anos atrás, no tempo da faculdade de Jornalismo, tive que ler o romance A Fogueira das Vaidades, do jornalista Tom Wolfe. A obra, que mais parece um dos típicos romances-reportagem do expoente do New Journalism, satiriza o poder dos ricos e políticos norte-americanos e mostra como esse poder é utilizado para abafar a podridão da vida dessas pessoas. O personagem principal é Sherman McCoy, um milionário que trabalha na bolsa de valores de Nova York e trai a esposa descaradamente. Aos 38 anos, rico e bem sucedido, McCoy se considera o máximo. Sua esposa, a “perua” Judy, só pensa em festas e decoração de ambientes. A filha deles, Claire, quase não pode contar com a companhia dos pais. Um dia McCoy comete um crime – atropela um cidadão pobre do Bronx, achando que sairá impune, mas é aí que seu “inferno” começa. Um jornalista alcoólatra, Peter Fallow, vê na história sua chance de produzir uma grande reportagem e subir na carreira. A matéria repercute e a polícia se vê obrigada a investigar o caso. O promotor e o advogado do caso só pensam em seus interesses – nenhum deles se preocupa com a verdade, apenas com o lucro que podem tirar da situação. Finalmente, McCoy acaba preso, perde a esposa e a amante e se vê falido.
Por que me lembrei do livro? Porque li esta nota publicada no Opinião e Notícia: “Um relatório divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), intitulado Estabilidade Financeira Global, afirma que o sistema financeiro atravessa um período de turbulências sem precedentes. A previsão é que os bancos em todo mundo continuem a registrar fortes perdas.”
Os Estados Unidos nasceram sob a bandeira da liberdade religiosa e de início foram favorecidos por Deus. “Era desígnio de Deus que este país [EUA] sempre permanecesse livre para todas as pessoas O adorarem de acordo com os ditames da consciência. Ele tencionava que suas instituições civis, em suas dilatadas produções, representassem a liberdade dos privilégios evangélicos” (Ellen G. White, Maranata, o Senhor Vem [MM 1977]). Mas o que deu errado? A fogueira das vaidades e da ambição desenfreada se inflamou. O amor ao lucro rápido e o consumismo desenfreado tomaram conta da nação. A festa da gastança parecia não ter limites e a bolha foi crescendo, crescendo até que implodiu.
Neste momento de guinada, que ficará registrado nos livros de História (se ainda houver muita história pela frente...), o papa Bento XVI aproveita para dar seu recado: “As atuais crises financeiras mostram a importância de construir a vida sobre o fundamento firme da Palavra. ... Devemos mudar nossa idéia de que a matéria, as coisas sólidas, que tocamos, sejam a realidade mais sólida, mais segura.”
Os Estados Unidos vêm perdendo prestígio. Estamos assistindo ao surgimento de um mundo multipolar, com potências econômicas e militares espalhadas pelo mundo. Logo, o Império Americano terá que estender a mão ao poder religioso – numa reedição do que o Império Romano fez com o cristianismo – a fim de retomar sua hegemonia arranhada. Daí para frente, os últimos eventos deverão ser rápidos. Leia os últimos capítulos do best-seller O Grande Conflito para conferir.
Michelson Borges