Segundo o portal Terra, o Vaticano foi admitido hoje por unanimidade na Interpol durante a 77ª Assembléia Geral dessa organização internacional, que começou nesta terça-feira em São Petersburgo. A cooperação do Estado vaticano com a Interpol estará a cargo da Gendarmaria e da Guarda Suíça, disse o representante da Santa Sé ao discursar aos delegados do fórum na Rússia, informou a agência local Interfax. A Gendarmaria vaticana, o corpo militar que realiza os trabalhos da Polícia e de segurança no Estado do Vaticano, poderá trocar informação com o resto dos policiais e atualizar seus conhecimentos sobre procedimentos operacionais para combater o crime. “É possível que nossa participação pareça simbólica para alguns, mas desejamos realmente tirar proveito de nossa cooperação”, indicou o representante do papa Bento XVI.
Do site Zenit: “Ontem o Papa Bento XVI escreveu pessoalmente uma mensagem ao Patriarca de Moscou, Aléxis II, na qual lhe expõe a importância de ‘apressar o caminho rumo à unidade plena de todos os discípulos de Cristo’. Esse testemunho de reconciliação, assegura o Papa, é cada vez mais necessário ‘em nossos tempos, marcados tão freqüentemente pelo conflito e pela dor’, para que ‘a alegre mensagem da salvação se estenda a toda a humanidade’.
“A carta foi entregue a Sua Santidade Aléxis II pelo arcebispo de Nápoles, cardeal Crescenzio Sepe, em visita oficial a Moscou por convite do próprio patriarca e do Metropolita Kirill. O purpurado entregou a carta junto com uma relíquia de São Genaro, durante uma audiência no Kremlin, que durou mais de uma hora, em 2 de outubro passado.
“Na mensagem, o Papa assegura seu ‘profundo afeto por todos os irmãos ortodoxos’, e afirma que ‘a Fé em nosso Senhor Jesus Cristo é um vínculo que une os corações de uma maneira profunda e nos convida a reforçar nosso compromisso de manifestar ao mundo um testemunho compartilhado de convivência no respeito e na paz’.
“Bento XVI mostra sua proximidade especialmente das igrejas ortodoxas afetadas pelo conflito do Cáucaso, e acrescenta que oferece ‘diariamente orações pela paz, pedindo ao Senhor que os apelos de Sua Santidade para que acabe toda hostilidade pelo bem das nações seja escutado’.
“Em algumas declarações à Rádio Vaticano no mesmo dia, o cardeal Sepe explicou que a Igreja Católica e a Ortodoxa estão cada vez mais próximas, ‘como sublinhou com comoção o próprio Patriarca’. ‘A sensação é que se deu um passo bastante importante para criar um clima de proximidade e de respeito mútuo, de fraternidade e de amizade’, acrescentou o purpurado.
Por sua parte, Dom Vincenzo Paglia, bispo de Terni e presidente da Comissão para o Ecumenismo da Conferência Episcopal Italiana, explicou que a aproximação ‘deve continuar, neste sentido, com o encontro entre os diversos pastores de ambas as Igrejas’. No caminho rumo à unidade, acrescentou Dom Paglia, 'já não bastam os encontros entre os especialistas', mas que o ecumenismo ‘seja uma aproximação entre as Igrejas’.
“Por outro lado, o prelado sublinhou que o ecumenismo é cada vez mais ‘uma exigência da sociedade contemporânea’.”
O mesmo site Zenit afirma que a Igreja e o Estado estão “dispostos a cooperar” para “promover e servir o bem integral da pessoa humana”, segundo afirmou Bento XVI no dia 4 de outubro, no Palácio do Quirinale, ao realizar uma visita oficial ao presidente da República italiana, Giorgio Napolitano.
A visita, explicou Bento XVI, “não é só um ato que se inscreve no contexto das múltiplas relações entre a Santa Sé e a Itália, mas assume, poderíamos dizer, um valor muito mais profundo e simbólico”. Após momentos de tensão como a chamada “questão romana” – resolvida com a assinatura dos Pactos de Latrão em 11 de fevereiro de 1929 –, acrescentou o Papa, hoje se pode “afirmar com satisfação que na cidade de Roma convivem pacificamente e colaboram frutiferamente o Estado Italiano e a Sé Apostólica”.
Essa visita pretende, portanto, “confirmar que o Quirinale e o Vaticano não são colinas que se ignoram ou se enfrentam rancorosamente; são lugares que simbolizam o respeito mútuo da soberania do Estado e da Igreja, prontos para cooperar para promover e servir o bem integral da pessoa humana e o pacífico desenvolvimento da convivência social”.
Tudo isso é “uma realidade positiva, verificável quase cotidianamente em diversos níveis, e que também outros Estados podem observar para extrair ensinamentos úteis”.
O papa expressou o desejo de que a contribuição da comunidade católica “seja acolhida por todos com o mesmo espírito de disponibilidade com o qual é oferecida”.