quinta-feira, outubro 09, 2008

Por que não abrir o jogo?

O jornalista Alberto Dines, no Observatório da Imprensa desta semana, trata da polêmica pesquisa sobre a alegada periculosidade das irradiações eletromagnéticas produzidas pelos telefones celulares, e que seriam responsáveis pelo desenvolvimento de tumores. Ele diz que “enquanto a controvérsia não é esclarecida, uma publicação responsável como a Economist não se omite e sente-se no dever de alertar o distinto público para a possibilidade de uma grave ameaça à saúde”.

Depois, ele pergunta e responde: “Quantas matérias têm sido publicadas no Brasil sobre o assunto? A resposta pode ser obtida por via indireta através de outra pergunta: ‘Qual é o produto eletrônico mais anunciado na mídia?’ A indústria jornalística brasileira, como sempre, adota a tática do avestruz: omite-se e enfia a cabeça na areia. Prefere suprimir o debate, na esperança de que os malefícios causados pelo celular sejam desmentidos, do que oferecer às suas audiências um mínimo de informações.”

Dines sumariza: “Suicídio 1: para preservar o faturamento publicitário, nossa mídia foge ostensivamente da sua obrigação elementar – alertar e esclarecer. Suicídio 2: antes que se esclareça a questão com pesquisas científicas confiáveis, a mídia resolveu apostar no celular como jornal-de-bolso, substituto da mídia impressa. Papel impresso pode sujar as mãos, mas jamais foi denunciado como causador de doenças.”

Nota: Consciente de forçar um pouco a barra, pergunto, a título de comparação com o que a mídia vem fazendo quando o assunto é celular: Por que nossa imprensa tupiniquim também joga pra baixo do tapete as discussões em torno do darwinismo e ignora (tanto nos jornais quanto nos livros didáticos) o fato de que cientistas de renome vêm questionando vários pressupostos do darwinismo?[MB]

Veja dois exemplos de “cartas escondidas” aqui e aqui.