quarta-feira, junho 09, 2010

Brasileira fala sobre confronto a bordo de navio turco

Uma médica brasileira integrou a equipe do Exército israelense que socorreu os feridos no confronto a bordo do navio turco Mavi Marmara. A paulista A.L.T. chegou ao porto de Ashdod às 5h de segunda-feira passada. Foi uma das primeiras pessoas a entrar no navio e viu de perto o resultado do confronto: nove manifestantes mortos e dezenas de feridos, entre eles, nove soldados israelenses. Especializada em Emergência, ela contou que muitos dos manifestantes e tripulantes feridos resistiram ao tratamento de médicos israelenses. "Um deles cuspiu no nosso cirurgião. Um outro deu um soco na enfermeira que tentava medicá-lo", contou a médica num e-mail enviado a parentes e repassado à imprensa pelo Consulado de Israel no Rio.

A médica contou que o navio estava "lotado de armas brancas e material para confecção de bombas caseiras". Segundo ela, os soldados de Israel foram "gratuitamente atacados". "[Os soldados] tiveram suas armas roubadas, foram espancados e esfaqueados. Morreram aqueles que tentaram matar os soldados, aqueles que não eram civis pacifistas, mas sim militantes terroristas que comandavam o grupo", relatou a brasileira no e-mail.

Ela, que está há seis meses no Exército, disse ainda que os soldados foram feridos a "tiros, facadas e espancamento. Um deles ainda está em estado gravíssimo após concussão e seis tiros no tronco", informa a médica, que passou a semana visitando os feridos.

Fotos do confronto divulgadas ontem pelo mais popular jornal turco, o Hurriyet, podem corroborar o relato de A.L.T quanto à violência dentro da embarcação. Sob o título "Lágrimas de um comando", as fotos mostram soldados ensanguentados no que seria o deque do navio. Os autores das imagens não foram divulgados. Em resposta à publicação das fotos, o Exército disse que elas "servem de prova clara e inequívoca das alegações de Israel de que a bordo estavam mercenários que tinham a intenção de matar soldados".

"As fotos seriam diferentes, caso os soldados tivessem decidido atirar em cada cidadão que se aproximasse. Foi apenas por um entendimento profundo dos eventos que os comandos foram capazes de distinguir a diferença entre ativistas pacifistas e terroristas", afirmou a nota oficial.

(O Globo)

Nota: Leia o e-mail da médica aqui. Parabéns a O Globo por divulgar o outro lado da história.

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