sexta-feira, junho 18, 2010

Senso de direção é o mesmo em machos e fêmeas

Uma equipe de pesquisadores do Reino Unido e da Noruega mostrou que ratos recém-nascidos possuem um senso inato de direção antes mesmo de começarem a se mover e que não há diferença no senso de direção entre machos e fêmeas, sugerindo que ambos os sexos nascem com as mesmas ferramentas para desenvolver suas habilidades de navegação. “Talvez a antiga questão sobre quem, se homens ou mulheres, têm melhor senso de direção poderia ser apenas um caso de como escolhemos construir nosso mapa”, dizem os cientistas em um estudo publicado nesta quinta (17) na revista Science.

A equipe implantou sensores minúsculos em ratos recém-nascidos antes que seus olhos se abrissem e antes que eles conseguissem se mover. Essa técnica permitiu aos pesquisadores registrar a atividade nervosa quando os ratos deixaram o ninho pela primeira vez para explorar o novo ambiente.

Eles descobriram que o sinal neural de direção, que informa a um animal em qual direção ele se encontra, já está presente em ratos recém-nascidos nos mesmos níveis encontrados em um rato adulto. “Essas células se comportavam quase como células adultas desde o começo”, disse a coautora Rosamund Langston, da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia.

O senso de localização também surge cedo no desenvolvimento do animal e melhora com a idade. O senso de distância se desenvolve em poucos dias.

“A questão de como adquirimos conhecimento do mundo exterior e criamos nosso senso de lugar nele tem desafiado cientistas e filósofos por séculos”, disse Francesca Cacucci, do Instituto de Neurociência Comportamental do University College London, em Londres, também colaboradora no estudo.

“Esse trabalho mostra que o conceito de espaço é algo que se desenvolve muito cedo –provavelmente dentro das primeiras duas semanas de vida.”

(Folha.com)

Nota: Essa pesquisa levanta o velho “problema” dos instintos inatos e vitais. Os seres vivos já nascem com um “pacote de programas” sem os quais não poderiam sobreviver. Pense, por exemplo, no instinto de sucção que permite aos bebês mamar sem nunca terem feito isso antes; ou no ato de a fêmea de certos mamíferos retirar a placenta de sobre os recém-nascidos, permitindo-lhes respirar; pense também nos complexos instintos que regem a vida dos animais de colônias, como as abelhas e as formigas. Se esses instintos não funcionassem bem desde o início, a sobrevivência desses animais e mesmo do ser humano estaria seriamente comprometida. Os mesmo se dá com respeito ao senso de direção (que é ainda mais importante nas aves migratórias, por exemplo). Apenas um detalhe: homens se perdem mais porque perguntam menos. Parece que, nos homens, o orgulho também é inato...[MB]