Enquanto recebia atendimentos médicos no hospital de Libéria, Costa Rica, só pensava em como recuperaria a “gorducha”. Mas, conforme o relato anterior, três jovens da cidade de Canas Dulces tomaram conta da bike e ainda foram ao hospital a minha procura e, não me encontrando, saíram a perguntar, nos hotéis próximos, por um brasileiro acidentado, até me localizarem. Fiquei estarrecido em ver como o Espírito Santo moveu o coração deles para me ajudar. Porque além de guardarem minha “gorducha”, ainda ofereceram sua casa para que eu pudesse passar um dia me recuperando dos ferimentos. As promessas que conheço registradas na Bíblia Sagrada dizem que Deus não me abandona nem por um segundo. Ele me guarda como a menina dos Seus olhos. Está ao meu lado tão agarrado como minha sombra. Mesmo que fosse abandonado por todos, até mesmo por aquela que me gerou, Ele jamais me deixaria. Trabalho para um Deus que é amor em sua extensão mais infinita. Tenho sofrido muito para cumprir este desafio. Mas não há como comparar ao sofrimento por que Ele passou para me salvar.
Emanuel quer dizer “Deus conosco”. Da maneira como estou vivendo cada dia, para mim Emanuel quer dizer “Deus comigo eternamente”. Estou confiante de que o Senhor dos Exércitos está aqui. Ele tem vigiado meus passos guardando-me contra ciladas malignas. Entretanto, reconheço que tenho suportado percalços por meus próprios erros e para meu aprendizado.
Porém, todo mal contra mim meu pai Celeste tem transformado em bênçãos, uma vez que só pude conhecer os jovens Luis Diego, Diego Cortez e José Hernandez porque fui acidentado em frente da casa deles. O que eles fizeram mostra que ainda há bondade singela no coração dos homens.
No dia seguinte ao acidente, voltei ao hospital para fazer o acerto de contas. Eles me advertiram a só deixar Costa Rica após pagar as despesas de meu atendimento de emergência. Mas como saldar este serviço, se não tenho dinheiro nem para comer? Os recursos pessoais de que dispunha para a segunda parte desta jornada até a Conferência Geral, em Atlanta, EUA, deram para pagar apenas as passagens aéreas e uma revisão na “gorducha”, na saída de San Jose.
Chegando ao hospital, me orientaram a ir ao Instituto Nacional de Seguridad, preencher uns documentos sobre o acidente e solicitar que cobrissem as despesas. Após andar quase uma hora até chegar ao centro de Libéria, encontrei o Instituto e preenchi todos os formulários sobre o ocorrido. Mas tive o pedido negado, pois eles entenderam que no meu caso não se configurou em acidente de trânsito porque não houve vítimas. Ou seja, não morri. Então, negaram meu pedido de cobertura de seguro. Retornei ao hospital com umas folhas dizendo “pedido declinado”, negado. Cheguei diante da atendente sem ter palavras que dizer. Ela foi até a administração e após alguns minutos reapareceu dizendo que eu já podia viajar, pois o Serviço Social do hospital assumiria a despesa.
Por isso, confirmo, Emanuel é Deus comigo!
Deixei o hospital respirando um cheiro suave de vitória. Liguei para os rapazes que estavam com minha bike em Canas Dulces informando que eu já podia seguir viagem. Um deles, Luis Diego, veio me buscar em uma pick-up branca.
Passei um dia descansando em uma casa de campo onde eles moram e, no dia seguinte, às 7h, me levaram até o local exato onde me encontraram caído com a “gorducha”. Daquele ponto, reassumi a viagem para concluir a travessia da Costa Rica, um país pequeno, mas que, para conquistá-lo, está deixando marcas em meu corpo.
Estou a 230 km da Nicarágua. Tudo correndo bem. Amanhã dou adeus a estas terras assombrosas.
Está chovendo muito e há muita névoa. Não há acostamento asfaltado. Viajo em cima da linha branca direita da pista. Foi por isso que caí. Há desníveis entre a pista e o terreno ao lado composto de areia, pedras e muito mato. Não é possível pedalar ali. Por isso arrisco a vida viajando em cima da pista principal.
Eram 16h quando avistei uma enorme serra. O fim dela terminava em curva. À medida que subia, fui trocando de marchas até que atingi a coroa maior. Mas o esforço foi tanto que esqueci que estava na última marcha leve e tentei passar mais uma. O resultado foi que a corrente prendeu entre os raios e o último pinhão da catraca. Isso pela segunda vez em Costa Rica. Não estou em situação tão desesperada quanto aquela que ocorreu no topo da Sierra de la Muerte. Entretanto, devido à chuva que cai e a noite se aproximando e estar numa subida em curva, numa estrada sem acostamento, a coisa se complica. Tentei, sem sucesso, soltar a corrente. Necessitava de ferramentas especiais que não carrego comigo. Estou completamente molhado, tenho um pouco de fome e sede. Preciso de cuidados urgentes. Depois de quase sangrar as mãos na tentativa de liberar a corrente, lembrei do meu grito de clamor na Sierra de la Muerte. Então, achando estar na mesma situação, estando com a alma comovida e meu espírito em lágrimas que rolavam pela face e molhavam meu corpo junto com a chuva fina e fria, gritei ao meu pai: “Senhor, preciso que Teu anjo me socorra agora!”
Depois, ergui a cabeça e avistei um pequeno caminhão subindo a ladeira lentamente. Pedi carona e ele parou. Coloquei minha bike em cima e pedi que me levasse até a cidade seguinte para fazer o conserto. Ele se apresentou dizendo se chamar Emanuel e disse que sua firma lhe proíbe dar carona. Mas, quando me viu, sentiu desejo de ajudar e por isso parou.
Conversamos muito até a cidade seguinte e lhe falei bastante sobre a volta de Jesus. Ele me deixou em frente a uma oficina de bicicletas, ajudou a soltar a corrente junto com os mecânicos e depois foi embora.
Sim, Emanuel quer dizer Deus comigo eternamente.
Continuo seguindo para Atlanta; antes preciso deixar Costa Rica. Porém, convido-o(a): venha comigo porque Deus está aqui.
(George Silva de Souza, atleta e autor livro Conquistando o Brasil)
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