quarta-feira, junho 02, 2010

O Jardineiro e os três jardins

Apocalipse 14:6 e 7 diz: “Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo, em grande voz: Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora do Seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.”

Se João tivesse usado um computador para registrar essa visão, diríamos que ele “copiou” parte do texto de Êxodo 20:11 e “colou” em seu livro profético. Apocalipse 14 chama atenção para a questão determinante da adoração: devemos temer (respeitar) a Deus. Qual Deus? O todo-poderoso e único Deus Criador do universo; o nosso Criador e Redentor.

Mas o evolucionismo afirma que todos os seres vivos na Terra evoluíram a partir de um ancestral comum que teria surgido no passado remoto (macroevolução). Para os evolucionistas naturalistas, Deus é desnecessário nesse processo. Somos apenas animais racionais. Nada temos de especial em relação aos outros seres, a não ser a capacidade mental. E mais: a história da Criação, como relatada no livro de Gênesis, seria apenas mito. Pura lenda ou alegoria.

Acontece que, quando desconsideramos o relato bíblico da Criação, ocasionamos um efeito dominó em toda a teologia cristã. Se não houve uma árvore do conhecimento do bem e do mal e a transgressão voluntária de nossos primeiros pais, consequentemente, a morte, as doenças e a dor são inerentes à criação. Para que teria morrido Jesus, se o pecado faz parte de uma história mitológica? E a volta de Jesus para resgatar os que aceitaram a redenção? Seria outro mito cristão? Claro que não.

A verdade é que a doutrina da Criação confere sentido à vida justamente porque mostra o tipo de existência que Deus projetou para Suas criaturas. No mundo ideal de Deus, seres dotados de livre-arbítrio viveriam felizes, livres do sofrimento e capazes de desenvolver todas as maravilhosas faculdades com que foram dotados. O pecado estragou tudo, mas o plano da recriação está de pé e é graciosamente oferecido por Jesus a cada ser humano. Enquanto o novo céu e a nova Terra não vêm, Deus nos apresenta em sua Palavra o guia para a vida plena, mesmo aqui deste lado da eternidade:

Alimentação – Gênesis 1:29 nos apresenta a dieta apropriada para o ser humano.

Casamento – Gênesis 2:24 mostra o tipo de relacionamento ideal entre homem e mulher: (1) ambos deixam a casa dos pais; (2) casam-se; (3) e se tornam “uma só carne”. É essa sequência de eventos que, quando seguida, torna o casamento uma bênção.

Mordomia – Gênesis 1:28 mostra que Deus incumbiu homem e mulher de cuidarem da natureza, como bons administradores. Isso é compromisso ecológico.

Trabalho – O fato de o Criador ter colocado o primeiro par num jardim, para dele cuidar, revela desde os primórdios da história deste planeta a nobreza e a importância do trabalho.

Resumindo: o relato da Criação em Gênesis fornece os pilares da vida com propósito. Se não fomos criados como a Bíblia registra, a moral, a santidade do matrimônio, os valores éticos, etc., são esvaziados de sentido. Se somos apenas animais racionais, por que devemos confiar em nossos padrões de conduta? Afinal, “se Deus não existe, tudo é permitido”, como bem expressou Dostoievski.

Graças a Deus, Jesus veio a este mundo na condição de segundo Adão para mostrar que há esperança para a humanidade. Referindo-se à ressurreição de Cristo, o escritor G. K. Chesterton disse que “[os amigos de Cristo] estavam contemplando [...] o primeiro dia de uma nova criação, com um novo céu e uma nova terra; e sob as aparências de um jardineiro Deus passeava novamente pelo jardim, não no frescor da noite, mas do amanhecer” (citado por James Stuart Bell e Anthony P. Dawson, em A Biblioteca de C. S. Lewis, p. 46).

Fomos criados num jardim; redimidos pelo Salvador que ressuscitou e depois passeou num jardim; e temos na Bíblia a promessa de que este planeta restaurado será um jardim de harmonia e felicidade eternas. Fomos feitos para outro mundo e devemos olhar para o alto, para o mundo que virá e que perdemos por algum tempo. Mas que será nosso de novo, se aceitarmos Jesus como Salvador e permitirmos que Ele nos recrie.

Michelson Borges