Eles existem, mas não vivem tanto |
Semanas
atrás, postei aqui um texto sobre o povo hunza, que vive entre a Índia e o
Paquistão, e que teria encontrado a “fórmula da longevidade” na dieta
vegetariana, na vida tranquila e nos banhos frios (clique aqui para ler a postagem). Infelizmente, faltou checar um pouco mais a
informação e dar atenção ao “detector de boatarias internéticas”. Nesse caso, trata-se de uma meia verdade... De fato, esse
povo existe e realmente vive entre a Índia e o Paquistão. Mas eles não são
vegetarianos (como se tem divulgado) e não chegam todos aos cem anos (muito
menos 120), além de não aparentar ser todos jovens. Como se sabe disso? Por
meio do livro Lost Kingdom of the Himalayas, do pesquisador John
Clark, que esteve naquela região e viveu com os hunza por 20 meses, em 1950.
Clark comprovou que eles adoecem e envelhecem como qualquer outro povo. Por se
tratar de um povoado singular distante de quase tudo, os hunza se prestam a
todo tipo de boatos.
Em 1996, um jornalista do New York Times chamado John Tierney também
resolveu tirar essa história da suposta longevidade dos hunza a limpo, e foi
conhecer pessoalmente aquele povo (confira). Depois de alguns meses com eles, Tierney
chegou a outra conclusão, que ajudou a desmitificar de vez a suposta
longevidade hunza: eles não contam os anos como nós fazemos e não têm certidão de
nascimento. Logo, os registros deles são bem pouco confiáveis, com erros
de contagem de tempo de até uma década ou mais.
Mas, é bom lembrar que, diferentemente dos hunza, há grupos
humanos que, esses sim, desafiam os anos, sendo muito longevos e saudáveis.
Trata-se dos japoneses de Okinawa, dos italianos da Sardenha e dos adventistas
do sétimo dia de Loma Linda, na Califórnia. Esses já foram estudados por
pesquisadores e até estamparam capas de revistas, como a National Geographic. O que eles têm em comum? Estilo de vida saudável. No caso dos
adventistas, o vegetarianismo, a solidariedade e uma vida ativa foram os
fatores apontados como promotores da vida longa e saudável (confira aqui). Entre eles, há
centenários que ainda renovam a carteira de motorista!
Com respeito aos hunza, só posso pedir desculpas ao leitor pelo
deslize... [MB]