Copiando a obra do Criador |
Robôs
com câmeras podem ser comprados em lojas de brinquedos. Mas, conforme a
exigência e a necessidade de precisão e resolução aumentam, é necessário ir
além das brincadeiras. A chave para fazer boas imagens em pleno voo é dar
estabilidade ao veículo voador, de forma que as câmeras possam fazer seu
trabalho. Fabien Expert e Franck Ruffier, do instituto francês CNRS (Centro
Nacional de Pesquisas Científicas), foram buscar inspiração nos olhos dos
insetos para criar o primeiro robô voador capaz de se estabilizar visualmente, “acertando
o passo” com o terreno irregular abaixo de forma a fazer imagens mais precisas,
além de garantir a segurança do próprio voo. Dispensando os acelerômetros, o
BeeRotor (rotor abelha) consegue voar até mesmo em um túnel onde as paredes se
mexem - para simular as condições reais encontradas na natureza - sem depender
de medições de velocidade ou altitude.
Todas
as aeronaves, de drones de brinquedo a foguetes espaciais, usam sistemas
de medição inercial para estabilizar sua inclinação lateral e longitudinal,
além da perpendicular - sua altitude. Um acelerômetro mede todas as acelerações
da aeronave, incluindo a gravidade, que sempre aponta em direção ao centro da
Terra. Mas Expert e Ruffier afirmam que isso não deve ser necessário porque os
insetos não têm acelerômetros - pelo menos ninguém descreveu um acelerômetro
biológico até hoje - e conseguem voar muito bem.
A
dupla então replicou o voo entomológico criando uma visão de inseto artificial.
Para isso eles usaram o conceito de fluxo óptico, fácil de ser observado quando
você está viajando de carro: a visão frontal é estável, mas a paisagem lateral
passa rapidamente e fica desfocada. Quando o fluxo óptico aumenta, o robô sabe
que sua velocidade está aumentando ou ele está se aproximando dos obstáculos
laterais. Acompanhando os fluxos ópticos das laterais e inferior, o robô
consegue estabilizar o voo sem quaisquer medições adicionais.
Os
dois pesquisadores afirmam que, além de terem comprovado uma hipótese de como
os insetos estabilizam seu voo, seu olho artificial - que pesa apenas 1 grama -
permitirá viabilizar a construção de robôs de apenas 10 gramas. Para os
maiores, a eliminação do acelerômetro significará diminuição do peso, com a
consequente redução no consumo das baterias ou combustível.
O
baixo peso também é essencial na indústria espacial, onde cada quilo enviado
para o espaço custa uma pequena fortuna. Sem necessariamente substituir os
acelerômetros, dizem os dois pesquisadores, sensores de fluxo óptico podem ser
usados como um sistema de reserva ultraleve no caso de uma falha na missão.
Eventualmente,
um sistema assim poderia ter salvo a missão do robô Philae, que não teve
um sucesso total no pouso sobre o cometa 67P.
Nota:
Outro exemplo em que pesquisadores muito inteligentes investiram tempo e
dinheiro para criar, por meio de design
inteligente, algo que copiaram de um organismo que muitos supõem ter sido
resultado de mutações fortuitas filtradas pela seleção natural, num processo “acéfalo”,
não guiado. Copiam a obra do Criador – que funciona muito bem há milhares de
anos (e nem pagam royalties por esse
plágio) – e não se dão conta de que a cópia é apenas isto mesmo: cópia. [MB]