quarta-feira, abril 01, 2015

Pássaro de 12 gramas sobrevoa o Atlântico sem escalas

Habilidades necessárias desde sempre
A mariquita-de-perna-clara, um pássaro que pesa apenas 12 gramas, está migrando da América do Norte para a América do Sul voando sobre o Oceano Atlântico sem parar por dois a três dias - segundo estudo publicado nesta terça-feira (31). Há 50 anos os cientistas tentavam confirmar essa façanha. Uma equipe internacional de biólogos, que publicaram os resultados de seu trabalho na revista britânica Biology Letters, está convencida de ter encontrado “provas irrefutáveis”. “Esta é uma das mais longas viagens diretas sobre a água registradas para um pássaro”, explicou um dos autores do estudo, o pesquisador Bill DeLuca, em comunicado divulgado pela Universidade de Massachusetts em Amherst. O pássaro vive geralmente nas florestas boreais do Canadá e dos Estados Unidos entre a primavera e o outono. Em seguida, ele voa para as Grandes Antilhas ou as costas ao norte da América do Sul para seu período de hibernação.

Para obter detalhes sobre a trajetória de migração, os pesquisadores instalaram geolocalizadores em miniatura pesando 0,5 grama em 40 aves dessa espécie entre maio e agosto de 2013: 20 partindo de Vermont e 20 da Nova Escócia (Canadá). Usando dados coletados de cinco aves capturadas quando retornavam para a América do Norte, os cientistas descobriram que as mariquitas-de-perna-clara percorrem entre 2.270 a 2.770 quilômetros para um voo que dura entre 2,5 a 3 dias. “Foi surpreendente acompanhar essas aves porque o próprio percurso migratório é quase impossível”, afirmou DeLuca.

Os pássaros “se reabastecem o máximo possível e, em alguns casos, chegam a dobrar de peso” para se preparar para a viagem, comentou o pesquisador Ryan Norris, da Universidade de Guelph (Canadá), citado no comunicado. “Não há dúvida de que a mariquita-de-perna-clara realiza uma das migrações mais ousadas da Terra”, acrescentou.


Nota: Como esse ser tão diminuto aprendeu esse comportamento espetacular? Como ele sabia que precisava dobrar de peso para ter reservas energéticas para uma viagem tão longa? Como ele sabia que essa reserva seria suficiente para a viagem sem escalas? Como ele sabe exatamente que direção tomar e não se perde (e morre) no meio do oceano? São “conhecimentos” que a mariquita-de-perna-clara (e outras tantas aves migratórias) precisava ter desde sempre ou, do contrário, acabaria extinta. [MB]