Adequação ao plano de Deus |
Um
ano após a proclamação da república francesa, em 20 de setembro de 1793, um
matemático chamado Gilbert Romme apresentou sua proposta para um calendário
totalmente novo. Foi posto em prática durante 13 anos e é conhecido como o “Calendário
Revolucionário Francês”. Cada mês tinha 30 dias, divididos em três décadas
(semanas) de 10 dias cada uma. Cada dia “métrico” estava dividido em 10 horas
que tinham 100 minutos de 100 segundos cada um. Os 10 dias da década
chamavam-se: primidi, duodi, tridi, quartidi, quintidi, sextidi, septidi, octidi, nonidi e décadi. O décadi era o dia de descanso dos
trabalhadores. Esse calendário tinha características marcadamente
antirreligiosas e passou a se basear apenas nos fenômenos da natureza. A
revolução desejava retirar todo e qualquer vínculo com as coisas de Deus na
vida dos franceses.
O
povo francês teve grande dificuldade para se adaptar ao novo calendário,
especialmente à semana de 10 dias. A produtividade diminuía ao final da longa
“semana” e os problemas de saúde física e mental aumentavam. O projeto foi
abolido em 1805. O povo não aguentava mais!
Os
historiadores mencionam muitos calendários fracassados, utilizados por povos ao
longo da história. Existiram as “semanas” de três dias (Bascos), de quatro dias
(Nigéria), de cinco dias (União Soviética), de seis dias (África Ocidental), de
dez dias (China, Egito, França), de treze dias (Maias e Astecas), entre outras.
Por isso é considerado que a semana (de sete dias) seja o agrupamento de dias
mais persistente de todos os calendários da história. Deus nos criou
e nos condicionou para um ciclo de sete dias. Muitos médicos afirmam que no
sábado o efeito de certos medicamentos e o resultado de cirurgias são menores
que o esperado. O corpo humano está preparado para “descansar”.
Descanso semanal
“Em
seis dias, fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao
sétimo dia, descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o
santificou” (Êx 20:11). Deus descansou no sétimo dia, depois de completar o
trabalho da criação. O verbo hebraico “descansar” vem da mesma
palavra sábado (shabbat).
Esse fato mostra como o sábado faz parte do processo da criação e o descanso
que ele realmente oferece.
Jesus
disse que “o sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por
causa do sábado” (Mc 2:27), e não devemos nos esquecer de que o sábado é um dia
para nosso benefício. É para reflexão e deleite dos dons maravilhosos que Deus
nos deu. É um tempo para contemplar a bondade de Deus. Esse dia é um sinal
perpétuo para reconhecermos Seu amor. As boas-novas do sábado são que, ao
guardá-lo, não só falamos a respeito do “descanso em Cristo”, mas, de modo
muito real e tangível, expressamos esse descanso, mostrando que confiamos nas
obras de Cristo por nós, e não em nossas próprias obras como meio de salvação.
Além
de todos os benefícios espirituais, o sábado nos provê um tempo para que nos
afastemos das labutas, tensões e fadigas da semana. É o meio que Deus tem para
nos permitir descansar, relaxar, acalmar-nos e desprender-nos. O sábado provê
uma forma de obter o descanso de que o corpo e a mente precisam tão
frequentemente.
“Os
que fazem grande esforço para realizar tanto trabalho em determinado tempo, e
continuam a trabalhar quando seu juízo lhes diz que deviam descansar, jamais
lucram. Estão vivendo de capital emprestado. Estão gastando a energia vital de
que necessitarão num tempo futuro. Seu tempo de necessidade chegou, mas os
recursos físicos estão esgotados. Todo aquele que viola as leis da saúde, em
algum tempo sofrerá perda, em maior ou menor escala” (Ellen G. White, Orientação da Criança, p. 397, 398).
Jesus
nos convida dizendo: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e
sobrecarregados, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim,
porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
Porque o Meu jugo é suave, e o Meu fardo é leve” (Mt 11:28-30). O descanso que
Jesus oferece é mais que apenas físico. É descanso para o ser. Precisamos
experimentar o descanso completo que Cristo nos oferece. Um sono profundo basta
para o descanso físico. Umas férias podem nos dar descanso emocional. Mas onde
podemos encontrar descanso espiritual, alívio para os assuntos mais profundos
do coração?
Jesus
está pronto a dar descanso espiritual a todos os que forem até Ele, oferecendo
a libertação da dor e da culpa. Podemos descansar na promessa de que somos
aceitos por Deus devido às obras perfeitas de Jesus e, certamente, não por nossas
próprias obras defeituosas. Por Sua graça e o poder transformador do Espírito,
os cristãos podem se render a Jesus, e Ele lhes dará o verdadeiro descanso.
A glória de Deus como alvo
O
Dr. Robert M. Johnston, em seu livro La
Vida Espiritual: Experimentando a Jesucristo Como Señor, pergunta: “Por que
devemos nos ocupar de corpos destinados a morrer”? E a resposta do Dr. Johnston
implica tanto em oferecer as condições físicas adequadas para ser habitado pelo
Espírito Santo, como em alcançar eficácia no propósito missionário de
testemunhar do valor da vida cristã.
Cristãos
que desfrutam de saúde corporal, “saúde nos ossos” serão os melhores agentes da
construção de um mundo de paz, onde habita a integridade física, moral, social
e espiritual. Para isso, devemos apresentar “nossos corpos em sacrifício vivo,
santo e agradável a Deus” (Rm 12:1), ou seja, devemos oferecer a Deus o melhor
que podemos tanto em qualidade como em extensão de vida. Bom seria que a
descrição dos dias finais de nossa existência terrena pudesse ser como a de
Moisés, após 120 anos de vida: “...não se lhe escureceram os olhos, nem se lhe
abateu o vigor” (Dt 34:7). Não devemos ficar obcecados por alcançar essa marca
do patriarca, pois conspiram contra nós variáveis individuais em nossa
constituição e herança genética, bem como fatores contrários no próprio
ambiente físico em que vivemos. Mas o ponto em questão, dentro de nossa
consciente responsabilidade cristã, é fazer tudo o que estiver ao nosso alcance
para atingir o máximo em longevidade e qualidade de vida que exaltem o Criador/Redentor
e sirva ao próximo.
Saúde e longevidade
A
revista National Geographic, de
novembro de 2005, em sua matéria de capa (“Os segredos da longa vida”), afirma que “uma existência longa e saudável não
acontece por acaso”. Pesquisadores admitem que, se você tiver bons genes e
adotar um estilo de vida correto, tem chances de viver até dez anos mais.
No
estudo feito entre os três povos mais longevos da terra – Sardenha na Itália,
Okinawa no Japão e Califórnia nos Estados Unidos –, um grupo de adventistas do
sétimo dia de Loma Linda se destacou como “os campeões da longevidade na
América do Norte”. O local produz centenários em proporção mais alta e que sofrem
apenas uma fração das doenças mortais que ocorrem em outras partes do mundo
desenvolvido.
Conclusão
do estudo: “Os adventistas também guardam o descanso no sábado, dia em que socializam
com outros membros da igreja e desfrutam de um período de descanso. A maioria
dos adventistas segue esse estilo de vida, demonstrando o poder de combinar
vida longa saudável com religião.”
Em
outro estudo feito durante seis anos na Duke University, EUA, pesquisadores
avaliaram 3.968 pessoas de 64 a 101 anos de idade. Nesse período, 29,7% dos
participantes morreram. A mortalidade dos que iam pelo menos uma vez por semana
à igreja foi 46% menor do que nos que não iam à igreja.
Conclusão
Jesus
é o Senhor do nosso corpo, da nossa vida, do nosso tempo, da nossa vontade e do
sábado (Lc 6:5), e deseja que tenhamos um corpo sadio, uma mente bem
estruturada, relacionamentos saudáveis, íntima comunhão com Deus e vivamos
diariamente a certeza da salvação.
Que
alegria poder ouvir alguém nos dizer as mesmas palavras do apóstolo João:
“Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas, e que tenhas saúde, assim como
bem vai a tua alma” (3Jo 1:2).
(Orlando Mário Ritter é diretor do Departamento de
Saúde da União Central da Igreja Adventista do Sétimo Dia)
Veja também: "O sábado e a genética"
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