segunda-feira, outubro 04, 2010

Ex-professor de física questiona limites da ciência

Relatos sobre a morte da ciência em geral são enormes exageros – ao menos, é o que pareceu até hoje. Um físico britânico, Lord Kelvin, supostamente declarou, em 1900, que “não há nada novo para ser descoberto na física, o que resta são medidas cada vez mais precisas”. Contudo, logo veio a teoria da relatividade e a física quântica para desmenti-lo. Em 1996, um Best-seller de John Horgan chamado O Fim da Ciência foi publicado. Mas, novamente, nenhum sinal de a profecia ser concretizada. Em The End of Discovery: Are We Approaching the Boundaries of the Knowable, Russel Stannard novamente prevê o fim da ciência. O livro gira em torno de três ideias: a primeira é de que o cérebro – que evoluiu para sobreviver na selva [segundo a concepção evolucionista], e não para lidar com os mistérios da teoria das cordas – pode ser inadequado para progredir com a ciência a ponto de explicar tudo. A segunda é que é tecnicamente impossível provar todas as ideias concebidas pelos homens. E, por fim, é provável que o objetivo final dos cientistas – que seria “a explicação de tudo” – de fato não existe.

No livro, Stannard questiona parâmetros e faz grandes perguntas. Além de examinar os problemas da consciência, ele divaga sobre o sentido de achar uma explicação para o Big Bang e faz perguntas como “É lógico falar sobre livre-arbítrio em um universo que aparenta ser determinista?”, “O que é o tempo?” e “Por que o universo permitiu a evolução [sic] de vida consciente, e isso já aconteceu em algum outro lugar?”

Apesar de não falar sobre religião, a obra de Stannard foi quase que cronometrada para servir de contraponto ao livro de Stephen Hawking e Leonard Mlodinow que rejeita a necessidade da existência de Deus. O livro de Stannard – professor de física aposentado e autor de livros infantis sobre a física quântica – é um chamado para que cientistas exercitem sua humildade face à estupefação dos mistérios da existência. [...]

(Opinião e Notícia)

Nota: Se o cérebro humano “evoluiu para sobreviver na selva” e se trata de mero amontoado de moléculas, o que garante que seja confiável a conclusão de Stannard ou de qualquer outro ser humano sobre quaisquer outros assuntos? Por que devo aceitar como “adequadas” as conclusões de um cérebro animal a respeito da não existência de Deus, do naturalismo filosófico ou mesmo da macroevolução? Por que devo acreditar que esse cérebro materialista é capaz de entender a realidade que o cerca? E o que esse cérebro materialista teria a dizer sobre o que está além do material (sobrenatural), se não evoluiu para entender isso? Bem, se se limitar à visão naturalista, Stannard está certo em suas conclusões. Mas, como sou teísta e não creio que o cérebro seja apenas um amontoado de moléculas, penso de maneira totalmente diferente: assumo que a ciência experimental se constitui numa ótima ferramenta para entender a realidade, já que, a despeito de suas limitações como método e dos limites da compreensão humana, posso ter alguma certeza de que compreenderei os fenômenos da natureza porque fui criado para pensar e aprender.[MB]