O
budismo ocidental que cultua o Dalai Lama é o que eu chamo de budismo light. O perfil desse budista light é basicamente o seguinte. Vem
de classe social elevada, fala línguas estrangeiras, é cosmopolita, se acha
melhor do que os outros (apesar de mentir que não se acha melhor, claro), tem
formação superior, mora na zona oeste ou na zona de sul de São Paulo, come
alimentos orgânicos (caríssimos) e é altamente orientado para assuntos de saúde
do corpo (um ganancioso com a vida, claro). E, acima de tudo, acha sua
religião de origem (judaísmo ou catolicismo, grosso modo) “medieval”, dominada
pelo interesse econômico, e sempre muito autoritária.
Na realidade, as causas da migração para o budismo light costumam ser um avô judeu opressivo, uma freira chata e feia na escola e uma revolta básica contra os pais. Em extremos, a recusa em arrumar o quarto quando adolescente ou um escândalo de pedofilia na Igreja Católica. Além da preguiça de frequentar cultos e de ter obrigações religiosas. Enfim, essas são a bases reais mais comuns da adesão ao budismo light, claro, associadas à dificuldade de ser simplesmente ateu.
A busca por uma espiritualidade light é como a busca por uma marca de jeans, uma pousadinha numa praia deserta no Nordeste ou um restaurante de comida étnica da moda.
A espiritualidade do budismo light é semelhante a uma Louis Vuitton falsa. Brega.
(Parte do artigo de
Luiz Felipe Pondé, publicado na Folha de S. Paulo de 26/9/2011)
Nota:
O cristianismo light não fica longe
disso. A verdade é que a opção por uma religião (ou pela negação dela) sempre
deve ser baseada em muito estudo, muita análise e ponderação. Assunto assim tão
sério não deve ser tratado levianamente. Religião não se trata apenas de
“filosofia de vida” ou modismo, e nem todos os caminhos
levam a Deus, como diz a máxima popular.[MB]