O
que Sammy Davis Junior e Jayne Mansfield têm em comum? Acredite: o
talentosíssimo ator-cantor-dançarino e a “sex symbol” eram satanistas. Isso
está em Lucifer Rising – Sin, Devil
Worship and Rock’n’Roll (em tradução livre: Pecado, Adoração ao Diabo e
Rock’n’Roll), livro do inglês Gavin Baddeley que acabei de ler. Não saiu no
Brasil, mas é escrito num inglês descomplicado e bem acessível. O livro conta a
história do satanismo e sua influência na cultura pop. Não tenta converter
ninguém, apenas relata como a figura do “Diabo” surgiu e se popularizou por
meio da música e do cinema. Baddeley faz um breve histórico do satanismo desde
o Velho Testamento, traça perfis de figuras importantes do movimento, como o
ocultista Aleister Crowley e o famoso Anton La Vey, líder da Igreja de Satã, e
relata como o rock se apropriou da figura do “coisa ruim”. A maior parte do
livro é dedicada a explicar como o Diabo e o rock se tornaram unha e carne.
O
autor fala de antigos “bluesmen” como Robert Johnson, que supostamente vendeu
sua alma ao tinhoso numa encruzilhada (e relatou a história na clássica
“Crossroads”), conta o fascínio que bandas dos anos 60 como Black Sabbath, Led
Zeppelin e Stones tinham pelo ocultismo e chega aos grupos de black metal noruegueses que queimavam
igrejas nos anos 90.
Muita
coisa no livro foi novidade para mim. Não conhecia bandas como Coven e Black
Widow, que faziam rock satanista nos anos 60 e 70 e nunca tinha ouvido falar do
Black Arts Festival, considerado o “Woodstock de Satã”, um festival de rock que
deveria ter acontecido em 1969, nos Estados Unidos, mas que acabou proibido
pela polícia.
Baddeley
incluiu entrevistas que fez com figuras como o próprio La Vey, o cineasta
Kenneth Anger e músicos como Glenn Danzig, Glen Benton (Deicide), Genesis
P-Orridge (Psychic TV) e Count Grishnackh (Varg Vikernes), da banda norueguesa
Mayhem, um satanista fanático que assassinou o colega Euronymous.
(André Barcinski,
Folha.com)
Nota:
Cada vez me convenço mais de que o rock (e estilos musicais assemelhados),
quando usados para “louvar” a Deus, causam uma terrível mistura entre o sagrado
e o profano, desonrando, na verdade, o nome de Deus. Leia o artigo “O poder da música” para conhecer mais detalhadamente as nuances de um tema que tem gerado
acaloradas discussões no meio cristão.[MB]