quinta-feira, maio 17, 2012

Evolução para idiotas (em poucas palavras)

Como vimos nesta postagem, a posição de consenso entre os evolucionistas é que a evolução é um fato, cada pedacinho dela, assim como a gravidade, a esfericidade da Terra e o heliocentrismo são fatos. Mas a evidência científica não mostra a evolução como sendo um fato, então o que está acontecendo? Por exemplo, os evolucionistas recorrem ao registro fóssil, mas os fósseis revelam que as espécies existiram no passado, não como elas chegaram lá. Adaptações mínimas são sugeridas nos fósseis, mas a mudança evolucionária de grande escala deve ser inferida de ter ocorrido entre fósseis de espécies diferentes. Na verdade, o registro fóssil revela explosões de diversidade e novas formas surgindo abruptamente. 

Os evolucionistas também recorrem à anatomia comparativa. Mas, novamente, esses exemplos não nos dizem como as espécies surgiram. A semelhança entre as espécies não implica uma relação evolucionária. Na verdade, a anatomia comparativa comumente revela padrões contraditórios. Espécies distantes compartilham dos mesmos designs, e espécies irmãs mostram designs muito diferentes. 

Os evolucionistas também recorrem à adaptação de pequena escala que podemos observar. Mas não sabemos se essas adaptações geralmente se acumulam para criar a mudança de grande escala que a evolução exige que ocorra. Na verdade, até os evolucionistas têm concordado que isso é muito duvidoso, e que algum outro mecanismo desconhecido se faz necessário. De fato, essas adaptações são produzidas como consequência de estruturas moleculares complicadas, e de mecanismos cujas origens a evolução não explica. 

Há evidência a favor da evolução? Certamente, há bastante evidência a favor da evolução. Mas existem problemas significativos com a evolução. Há bastante evidência a favor da evolução, assim como há bastante evidência a favor do geocentrismo. Mas a ciência não se revelou boa para as duas teorias. 

Assim, a evidência a favor da evolução segue este padrão geral: até no seu melhor, ela não prova a evolução como sendo um fato. E, além disso, a evidência revela problemas substanciais com a evolução. 

Então como podem os evolucionistas proclamar a evolução como sendo um fato, com tanto fervor? Parece haver um descompasso gritante entre a evidência e as afirmações de verdade dos evolucionistas. A resposta é que os evolucionistas usam o raciocínio contrastante. A evolução não é afirmada como sendo um fato baseado em quão bem ela se encaixa na evidência, mas, antes, quão pobremente a alternativa se encaixa na evidência. A evolução é provada ser um fato pelo processo de eliminação. 

Por exemplo, os evolucionistas explicam que os designs da natureza aparentemente inúteis ou prejudiciais não fazem sentido, a não ser à luz da evolução. Tais designs prejudiciais não são, na verdade, preditos pela evolução. Eles são probabilidade baixa em evolução, mas esses designs prejudiciais são pelo menos entendidos considerando-se a falta de planejamento da evolução. Os designs podem ser de probabilidade baixa, mas não de todo impossíveis. 

Mas, se as espécies foram planejadas inteligentemente, então esses designs inúteis e prejudiciais não fazem nenhum sentido. Assim, podemos dizer que a evolução é provada não por evidências positivas, mas por evidências negativas. E, na verdade, quanto pior for a evidência, melhor para a evolução, porque tais evidências negativas são muito piores para a alternativa. 

Na verdade, não existem demonstrações do fato da evolução que não apelem para tal raciocínio contrastante. Os evolucionistas têm um grande número de provas a favor do fato da evolução, mas eles sempre trazem alguma forma desse raciocínio contrastante. Eis como o filósofo Eliott Sober explica o raciocínio contrastante: 

“Este ultimo resultado fornece um lembrete de quão importante é o quadro contrastante para avaliar a evidência. Parece ofender o senso comum dizer que E é a evidência mais forte a favor da hipótese da ancestralidade comum, quanto menor for o valor de [a probabilidade de E considerando-se a hipótese da ancestralidade comum]. Isso parece equivalente dizer que a evidência apoia melhor a hipótese quanto mais milagrosa fosse a evidência se a hipótese fosse verdadeira. Entramos em um mundo a la Lewis Carroll, onde para baixo é para cima? Não, o ponto é que, nos modelos que temos examinado, a proporção [a probabilidade de E considerando-se a hipótese da ancestralidade comum dividida pela probabilidade de E considerando-se a hipótese da ancestralidade separada] sobe enquanto [a probabilidade de E considerando-se a hipótese de ancestralidade comum] desce. ... Quando as verossimilhanças das duas hipóteses estão ligadas dessa maneira, é um ponto a favor da hipótese da ancestralidade comum que diz ser a evidência muito improvável” (Evidence and Evolution, p. 314). 

Esses argumentos e conclusões evolucionários são muito poderosos. Parece que o argumento do evolucionista é convincente. As espécies devem ter surgido espontaneamente via mecanismos evolucionários. Mas, em tudo isso, tem uma pegadinha. 

A ciência não pode saber todas as explicações alternativas para a origem das espécies. Quando os evolucionistas concluem que a evolução é um fato via processo de eliminação, eles estão fazendo uma pressuposição sutil, mas não uma pressuposição científica crucial – a de que eles sabem todas as explicações alternativas. 

Assim, todos esses argumentos evolucionários poderosos a favor do fato da evolução não são científicos. Em outras palavras, a evolução tem argumentos extremamente poderosos e convincentes, mas o custo de construir tal caso poderoso é que a ideia não é científica. 

Sem essas provas poderosas, a evolução ficaria exposta aos muitos problemas e contradições científicas. A ideia de que o mundo, e tudo da biologia, surgiu espontaneamente é, de uma perspectiva estritamente científica, extremamente improvável. Mas a evolução é blindada de tais problemas pelas suas poderosas provas não científicas. 

Esse aspecto não científico da evolução é imenso e seria difícil subestimá-lo. Ele tem alterado dramaticamente a própria percepção de ciência e de sua evidência. Considerando-se o fato da evolução, toda a biologia é interpretada de acordo com essa ideia. Os muitos problemas científicos com a evolução se tornam “problemas de pesquisas” mais amigáveis. E a teoria se torna imune ao ceticismo científico. 


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